sexta-feira, junho 15, 2018

Uhhhh a resenha de hoje é demais! Vocês vão adorar!

Mas antes, deixa eu dar o meu parecer (super técnico e embasado mesmo sem ter provado) sobre McInglaterra. Olha... essa é difícil de explicar. A culinária da Inglaterra é zero apreciada pelo mundo, tem zero tradição e embora seja um dos países campeões, também não vem fazendo bonito pra merecer. E tipo... ok, as vezes é uma questão de marketing: mas qual marketing que justifica Inglaterra? Porque é perto dos EUA? Então por que não colocou os Eua logo?? O fato de não ter se classificado pra copa não vale; o Mc Italia ta participando! Enfim... não tem muito porquê e acho uma pena, pois poderíamos dar pra outro país mais merecedor. Porra, até o McRussia podia rolar; podia ser um sanduba, dentro de um sanduba, dentro de um sanduba. Regado a vodka, é claro. Enfim...

Conheci Alexandre Vasconcellos em 2007 ou 2008 quando ambos fazíamos parte da Flusócio. Desde lá já nos curtíamos - muito por, à época, sermos um dos pouquíssimos com menos de 30 no grupo - e, depois, quando ambos acabamos indo trabalhar no Departamento de Marketing do Flu, aí viramos amigaços. Alexandre é fã de rock n' roll, especialmente britânico. Mega fã de Oasis, o cara tem até aquela epiphone union jack do Noel Galagher tatuada na perna. Quer dizer; semi tatuada. Ele nunca fez o contorno. Faz essa porra, maluco! Além destas afinidades, Alex sempre foi muito bom com as palavras e, juntos, compomos diversos textos e idéias que marcaram a inesquecível campanha de marketing "Decida o Tetr4", do inesquecível título de campeão brasileiro de 2012. Fora um dos projetos mais geniais de marketing esportivo - a Ocupação 41 - implodida por dentro por fraqueza da Flusócio, maluquice do Peter e influência política da Comunicação da época, capitaneada pela FSB. Bons tempos! Vivemos muitas coisas, crescemos muito eu, ele e toda a bravíssima equipe da época, cheia dos melhores profissionais que já vi - e seguem dando show nessa área por onde passam; eu tava lá só praquele projeto... nunca mais.

Só um aviso pra quem tá lendo: o Alexandre tem um gosto culinário muito doido. Quando viajávamos com o time, ele fazia umas misturebas no café da manhã dos hotéis que sempre eram enviadas pro grupo de whatsapp para notificar aos chefes e equipe, que o rapaz tinha algum pino solto. Era kiwi, com linguiça e doce de leite, com maple syrup enxarcando tudo. Então, se é que alguém aqui tá realmente interessado em ver a crítica gastronômica para escolher qual dos sandubas quer experimentar: (i) po, to fazendo isso desde 2002 e até agora você não percebeu que isso aqui não é exatamente a melhor fonte pra isso? e (ii) teje avisado e não reclame comigo caso você chegue no McDonalds e o gosto for muito doido; o paladar dele não é muito confiável.

Enfim... no que interessa - um ponto de vista e uma voz qualificada para estimular seu pensamento e te fazer gastar tempo precioso da sua vida com bobagem que não vai contribuir em nada - ele não decepcionou e fez uma resenha antológica! Essa série só melhora; tá demais! Aproveitem!





McInglaterra e um pouco de Brasil em 2018
por Alexandre Vasconcellos

Quando meu amigo/gênio/ídolo/guru Dudu Albuquerque me contou sobre sua missão quadrienal – avaliar os sandubas do McCopa -, já achei irado por si. Ao revelar o país designado para mim, Inglaterra, fez ainda mais sentido, dada a minha devoção à cultura daquelas bandas, bem sabida pelo nosso caro Reverendo. Missão dada, missão cumprida. Quão difícil seria?

Entre eu e o McInglaterra, havia um Brasil. Havia um Brasil entre eu e o McInglaterra.

Sexta, 18 de maio de 2018, 22h. Parto com um amigo em comum, Lucas Sodré, rumo ao McDonald’s do Largo do Machado, após uma saideira clássica na São Salvador. Fila troncha, chão húmido de rodo recém-passado, nossa vez.

“Me vê um trio do McInglaterra, por favor?”
“Senhor, não estamos tendo o McCopa hoje, os pães acabaram. Na verdade não temos o pão dele, nem o queijo nem o molho também”.

Achei estranho, nunca vi faltar insumo no velho rival dos McDowell’s (entendedores...). Pessoas com atitudes pró-adiposa não perdem viagem. Elas pedem Big Mac. Sexta que vem tento, pensei.

Segunda, 21 de maio. Deflagrada a greve dos caminhoneiros. Será que foi um reflexo antecipado? Vamos ver se isso dura até sexta.

Durou. Mas fui tentar, vai que.

Sexta, 25. Não tinha nem batata. Liguei para alguns, nada. iFood, nothing. Me perguntei se a paralisação seria uma vingança divina, uma espécie de “Não Vai Ter (Mc)Copa” cármico-obêsica.

Puta falta de sacanagem.

Estas semanas foram repletas de escassez e estranheza no ar. Não há restaurante que não aponte falta de algo essencial. Menus tristonhos. No Galeão quarta, véspera de feriado, a cena era Georgia, Walking Dead – BK só tinha Cheddar, e 6 pães. Subway, teryaki, presunto. Mc, apenas PÃO DE QUEIJO E BROWNIE. Distópico, ou numa ruptura do contínuo espaço-tempo. A Matrix estava bugada.

Temi pela próxima sexta, agora em Sampa.

Greve superada, haveria chance para a saga Mundialista ter sua decisão?

Houve. Teve McCopa sim!

Ao que interessa nessa bodega.

FICHA TÉCNICA
Torneio: McCopa 2018
Rede: McDonald’s
Sanduíche: McInglaterra
Data: 01/06/2018
Local: Casa, via iFood, McDonalds do Morumbi Shopping
Escalação: Dois hambúrgueres e cebola crispy; fatias de bacon e queijo emental; barbecue & picles num pão com gergelim. Coca-Cola, entrando no segundo tempo. Método de análise: escala BritRock/BritPop.

Notas:

Dois hambúrgueres: nenhuma novidade, pegaram da geladeira e jogaram na chapa qualquer um do Big Mac. Você até dança se tocar na pista, mas sozinho, você dá forward no Spotify. Nota Bloc Party (4,5).

Cebola Crispy: fazia parte do sanduíche? Não se fez notada, apesar de sabermos que existe. Nota Snow Patrol (4).

Fatias de Bacon: para o padrão da casa, fez bonito. Das credenciais mais altas do certame. Nota The Clash (7,5).

Queijo Emental: Em si já é um queijo sem graça. Nesta versão, vemos uma evolução da ausência de propósito. Nota Libertines (3,5).

Barbecue: Dá a graça ao time. Supre a falta de empenho de alguns componentes, com um bem servido agridoce. Mais adocicado que a versão para McNuggets. Nota New Order (8)

Picles: Duas fatias maiores que em outros sandubas, mas não se destaca. Al dente, pelo menos. Nota Kaiser Chiefs 6,5.

Pão com gergelim: Cumpre o papel de segurar o recheio & manter as mãos menos melecadas, mas não faz a graça da festa. Nota Echo & the Bunnymen (5)

Coca-Cola: sem gás. Xarope maldito. Perda de tempo e desperdício de calorias. Nota Wham! (2,5)
Tamanho: menor que um Big Mac, maior que um quarteirão. Satisfaz. Nota Kasabian (7).

Veredito: não vale a briga para mudar algumas coisas, dar outro nome e enfiar no menu. Que o palhaço imobiliário tenha uma nova ideia para os britânicos para 2022 (se a seleção melhorar e se classificar, claro). Nota Keane, 5,5.

Adendo do comentarista

Apesar de carregar a admiração pela cultura inglesa em minha pele, desta admiração nunca fez parte a culinária. Não há nada verdadeiramente notável no menu tradicional dos súditos, a não ser um eventual Fish & Chips bem feito (e o melhor que comi foi na Disney de Orlando).

Posto isso, seria injusto esperar um espetáculo deste lanche. Nenhum item, isolado ou conjunto, poderia atingir mesmo o patamar de Deuses (Beatles, Who, Stones, Led, Floyid), Semi-Deuses (Jam, Smiths, Kinks, Clapton) ou Heróis do Olimpo (Oasis, Blur, Radiohead). Nada na cozinha deles poderia. No máximo, com muita boa vontade e fome, um Coldplay – bem apresentado, marketing forte, alegra o dia, mas não preenche a alma.

Yours trylly,
Alexandre Vasconcellos


Amanhã: Paulo Pilha resenha o McArgentina