sexta-feira, outubro 22, 2004

"Aí, Abraão...tu se amarra em mim?"
"Claro, po...tu é tipo...Deus, né? A luz que ilumina os homens de boa vontade"
"Ah, que isso, são seus olhos..."
"Não, sério! Não quero parecer péla-saco, mas po, te acho tipo muito show d ebola! Se são os meus olhos, é inteiramente devido a sua bondade em me concedê-los!"
"Ta bom, agora você já está se mostrando..."
"É o mínimo, ó grandioso criador! De tudo que destes para mim, o maior bem foi poder falar com você..."
"Poxa, o maior de todos?"
"Claro, sem desmerecer os outros que são igualmente perfeitos, já que criados por sua sabedoria incrível."
"Você gosta de tudo? Do seu casebre, do pão, da serpente..."
"Opa! Péra lá! Serpente, infelizmente não é comigo..."
"Profeta!!! Se dei-te a serpente haverás de gostar dela!"
"Ok, senhor! Perdoai minha insolência! Gostarei dela o suficiente pra te agradar!!!"
"Suficiente?? Então vire de costas....ahhaha to zoando, Abe!"
"Ha! Você me pegou nessa, hein, Deus?? És definitivamente o mais esperto de todos! Seu humor é deveras profano ao mesmo tempo que sagrado!"
"Que nada! Depois te ensino umas boas piadas....as cocotas ficam loucas."
"Mas já estou casado, Glorioso. Sei bem também que não te agradas a poligamia!"
"É verdade...falando nisso...e a família como vai?"
"Que bela frase! Permita-nos, os seus filhos, usarmos como tema da campanha da fraternidade de alguns milênios futuros?"
"Claro, contanto que seja 'Em nome de Deus'...mas fale, homem insolente! Como vai?"
"Vai ótima, é uma grande graça saber que se preocupas com ela!!"
"Claro, são todos meus filhos...falando nisso...não gosto daquele seu filho que por ventura é meu também."
"Jura? Não que precises jurar, pois a sua é a palavra, mas é um choque para mim, pois o amo muito! Foi de grande benção à minha vida; não só toma conta de meu pastoril, como é bondoso comigo e me deixa muito feliz! Vejo-me nele, o que significa que vejo a divindade, já que somos criados à sua semelhança."
"É...mas eu não vou muito com a cara dele não. Errei a mão; queixo meio avantajado...e qual é a daquela barbinha, hein? Meio homossex, sei lá..."
"Devo dizer-lhe, pois pra você não se guarda segredo, que também não me agrada muito os pelos em seu rosto, no entanto, diz ele que é a última moda entre os jovens pastores da área!"
"É...mas eu não gosto. Mate-o!"
"Como assim??"
"Sei lá...leva ele pro alto de uma montanha onde ninguém te vê - pra não dar merda - e enfia teu cajado nele...no bom sentido, claro."
"Mas eu o amo, Senhor..."
"Mais que eu?"
"...ah...não dá pra comparar..."
"Então não fode e mata ele, porra!"
"Não sou forte o suficiente, perdão..."
"Ah não! Precisas fazer isso! Olha ele ali, ta vindo em nossa direção...fala baixo, fala baixo..."
"Filho, suba aqui nesta colina onde estou que quero lhe falar!"
"Isso! Esse é o meu garoto de ouro! Agora quando se aproximar ponha-se atrás dele, eu o distraio com um pôr do sol irado e você aproveita que ele vai tá compenetrado e POW!"
"Pôr do sol?? Às 3 da tarde???"
"Porra, eu sou Deus, cara! Esqueceu?"
"Fico feliz que pelo menos meu filho morrerá com o mais belo pôr do sol existente..."
"tá, agora mata ele, vou ficar caladinho esperando...olha lá, hein Abe?? Se tu não matar tá fodido, vou te quebrar!!!"
"Filho..."
"Porque choras, pai?"
"Por favor não fale mais nada...é com grande pesar que digo, que em nome da vontade de Deus, o supremo ser criador de tudo e todos, devo te matar. Se tivesses ouvido seu pai e raspado essa barbinha que apesar de estar na moda é ridícula, filho! É tarde, todavia...adeus, filho, apesar de tudo eu meio que te amo e..."
"Haha! Calma, Abraão! Ta vendo aquele buraco nas nuvens?? Então...era brincadeira, cara! O Gabriel, o Ariel e Uriel e o resto da galera tão lá rindo da tua cara! Não acredito que tu ia matar o teu filho mesmo...hahah sem noção, hein, Abe?!"
"Como assim? Eu mato ele por você, Deus!"
"Precisa não, mas valeu...bom saber! Teu filho tava na armação também...combinei com ele!"
"Sério?? Você sabia disso filho??"
"Claro, pai."
"Ahahha, seu puto!! Poxa, Deus! Você é mesmo um zuão, hein?? Me pegou mesmo, cara! Quase matei meu próprio filho haha! Tudo mentira!"
"Pegamos mais ou menos, porque realmente eu não gosto da barbichinha do seu filho..."
"Ou seja, foi uma pegadinha, né?"
*risos de superamigos*
"Ah, eu também não, Javé! Vamos fazer essa barba, né, filho? Seu safado! Haha!"
E desceram a colina não mais como pai/filho na relação hierárquica que traz e sim como irmãos fraternos um com o outro.

Tá vendo? Através de uma leitura da Bíblia podemos encontrar explicações pros mais diversos fenômenos atuais de nossa sociedade, inclusive a pegadinha!
Que rico livro é a sagrada escritura cristã!

quinta-feira, outubro 21, 2004

Tem certas coisas que tem que ser desse jeito e pronto.
Po, amigo...se existe uma maldição de 80 anos de um time não ganhar, pra quê ganhar?? Sério, no que isso encoraja futuras gerações? Tira todo o valor! São necessárias essas coisas impossíveis e inquebráveis para sempre se perseverar e nunca se acomodar. Saber que o time no fim das contas ganhou é tipo "ah, então rola de eu conseguir também, estou tranquilo e vou esperar que um dia a canoa vira pro meu lado". Não! Precisamos ter o sofrimento do verdadeiro herói que nunca ganha e por isso sempre luta. Eu, sendo jogador do Boston Red Sox, ao ver que ganharíamos e destruiríamos essa luta inteira iria errar o arremesso, deixar a bola passar e o que fosse. Se eu já cheguei até a final de divisão já tá bom, ou então não vai jogar no BoSox; pois mais importante do que termos um vencedor é termos um perdedor pra vivenciar a glória de perder. Aceite o sofrimento, BoSox, perca! É ele que sempre trouxe a coisa-em-si; ganhar vai impôr vontades à vontade e vocês - especialmente a galera de 1918 - sabem no que isso dá.
A tragédia e o pessimismo estão me mudando.

quinta-feira, outubro 14, 2004

Dois exemplos de picaretagem recentes no Jornalismo.
Primeiro a matéria escrita por Bruno Porto no Megazine. Sem problemas ele fazer matéria sobre Dibob e Engaubela, pois é uma pauta mesmo. Mas, po...essa última aí foi o fim da picada. Garotas de um bairro, de uma zona da cidade, que ouvem a banda tal e que acham maneiro falar uma gíria. Gíria esta, que elas dizem ter ressucitado(ok, e eu sou o criador da gíria "fera"). Minha pergunta é: quem se importa, cara?
Legal, no entanto, assim como essas meninas, existem mil outros grupos de amigos (ou o que seja) por aí que ouvem x música, frequentam y lugar e tem z filosofia de vida. Então, meu ponto é: qual a relevância da escolha desse grupo? Será que não há nada por trás pra escolher eles? Será que não existe grupo de 4 meninas que, sei lá, faz algo mais útil, tipo campanha pra doação de sangue? Não é nem questão de ser útil, mas é algo mais relevante pra se publicar. Jornalismo é compromisso, é um veículo pra ser usado pra mudança.
No overall a impressão que é deixada é que é um encarte da Lanho pra vender um estilo de vida através das meninas que são enaltecidas na matéria: pro leitor ir lá e comprar.
Eu gosto dos Dibobs, conheço uma das meninas da reportagem(que nem é, ou parece, muito o que a matéria fala), etc. mas acho falta de vergonha uma matéria assim; tá mais pra publicidade que jornalismo.
O outro exemplo é o Rafa da MTV que fez uma matéria na qual aprendia a tocar Sítara. A reportagem mostrou o VJ botando a "palheta" em seus dedos e sentindo dor e tocando Satisfaction e depois querendo tocar um rock, enquanto o professor balançava a cabeça de brincadeira. E aí? O que me importa ver o Rafa aprendendo a tocar Sítara? A única informação que tentaram passar foi através dessa frase "putz, cara, o George Harrisson dos Beatles que tocava Sítara, né?". Por que não contar a história do instrumento, contar do que ele é feito, quem usa ele, ao invés de ficar vendo o mongo lá batendo nas cordas. Parece que Rafa falou "ai, bora fazer uma matéria, porque eu quero dar uma tocadinha numa Sítara!". Não o culpo, pois deve ser irado mesmo, mas, tanto neste caso quanto no supracitado, o Editor deveria entrar em ação e tentar direcionar um assunto que é irrelevante pra grande maioria de um jeito que ele fique acessível, relevante e até irremediável.