quarta-feira, maio 25, 2011

Como tenho feito ultimamente, risquei mais uma coisa da minha lista de coisas a fazer nessa vida. Não só vi Paul McCartney ao vivo, como vi duas vezes seguidas. Domingo e Segunda. O que tenho pra falar? Que hoje, sem Paul, o dia foi muito estranho. Me acostumei e a queda do cavalo é feia.
No primeiro dia eu fui de pista e milho foi de pista prime. Lá fui eu, o eremita, pro meio da multidão. Só. Primeiro o estranhamento de ver o Engenhão do ponto de vista dos jogadores - é longe demais da arquiba, mas imponente pacas. Depois a ironia fina da versão ora mela cueca, ora batidão - até lambada rolou! - de algumas canções de Beatles. Mas o "só" passou logo que começou, porque, apesar de toda aquela multidão, tinha só eu e Paul, Paul e Eu. Logo ali.
Aliás, ainda bem que não fui acompanhado, porque é muito queimação de filme esse show. É lágrima atrás de lágrima. E nem vem; se você não chorou em Something, você não tem coração. A banda é demais - até porque aquilo ali deve ser o ápice de um músico contratado; como fazer algo melhor do que aquilo ali? Você é PAGO pra viajar o mundo tocando as músicas mais maravilhosas do mundo e hang out with Macca! O setlist das duas noites foi generoso (acho que curti mais o de ontem) e o cara é um vigor bizarro pra quem tem 69 anos. Haja MT!
Mas o que mais me fascinava, confesso, era outra coisa. Sim, todo o resto é maravilhoso e todos já comentaram de maneira mais brilhante. O que eu mais curtia era o "entre-músicas" ou quando, durante, ele fazia algo "fora do script". Botei aspas porque o show é claramente todo programado e "igual". As aspas são porque quero dizer dos momentos que ele levanta o braço ou faz qualquer movimento que me prova que ele tá ali; logo ali. Não tão próximo dos braços, mas bem perto dos sentimentos. É sentir que de alguma maneira estou dividindo com 'o' cara alguma coisa. Ele está ali!
Meio neura daquele filme "Simone", né? O show com holograma e tal. E a má colocação do palco (achei baixo, muitos por ali comentavam que não viam nada - Obrigado, Deus, pelos meus 1,84m de altura e pela fraca nutrição da classe média brasileira!)
Mas, voltando...o Paul é tipo um totem mesmo, né? Eis um cara - não são muitos - que transcende a sua própria existência material. E ele está ali! Logo ali! Se eu peidar muito forte ele pode sentir. Ok, talvez não. Mas se eu puxar uma grande vaia ou um grande bravo, ele pode até ouvir. Ele está ali! I can make a difference! Ele levanta o braço, eu vejo ele levantar o braço. Olho pro telão e no telão ele levantou o braço! He must be real! Então, EU devo ser real. Isso tudo deve ser real. Eu estou vivo!

Minha ultima lembrança deste show se dá 2 horas depois do último concerto, já no vagão do metrô, após apertos e amasssos. Estou sozinho pensando na noite toda. No banco da frente, um casal jovem com a baqueta que pegaram do batera gordão. Um prêmio. O grupo de jovens, que junto está, parece ter feito amizade com um senhor mais velho. Ele tem óculos e chapeuzinho, meio estilinho Beatles. Não larga de uma 'bexiga' vermelha que pegou das centenas coloridas que voavam pela platéia durante o show (I could not make this up! Não sou Iraniano!) Felizes, trocam idéias. Mas a coisa fica muito mais especial que uma simples pintura de três gerações se confraternizando ao redor da música. Quando na Cardeal Arcoverde o vagão pára, todos os jovens se despedem do senhorzinho. Eis que o jovem da baqueta e sua namorada estendem a mão e a oferecem de presente. Logo ali! A porta fecha, os jovens genuinamente felizes acenam de maneira entusiasmada dando adeus ao velho, que bate com a baqueta no ar, feliz da vida. O metrô continua - eu chapado com a cena que acontece "Logo ali!" - e o senhor inspeciona com açúcar, com afeto cada farpa da baqueta. Cada risco na madeira. Cada luz que reflete nao latex vermelho. Ele alisa a bexiga; cheira-a ternamente. Ali dentro ele conservará até onde der aquele show, que, agora, pra mim, voyeur, transcendia o palco e acontecia na vida real. Não sei como ele não me cobrou couvert artísticio pelo momento.
O acaso, então, me despista daquela beleza. Develly, Pedalinos e outros estão do outro lado do vagão e me chamam; não tínhamos nos visto antes. Conversamos, trocamos nossas figurinhas. Mas na saída da General Osório, não posso deixar de falar com o velho. Sou populista. Falo qualquer coisa idiota sobre a baqueta e os jovens. O velho me diz que toca numa banda cover de Beatles em Salvador. Logo ali. Os jovens são seus fãs.
Antes provavelmente iria fazer algum comentário babaquinha sobre os otários que gastaram uma nota para ir pra SP e como eles se sentiriam agora que ele veio pro RJ. Mas nem vou.
Agora eu entendo.

segunda-feira, maio 02, 2011

O que para quase todo o mundo ficará marcado como o dia que Osama Bin Laden morreu, para mim será para sempre o dia que dei adeus para o Pelézinho Voador. Sim, sigo minha diretriz recente de me livrar de tudo que não me serve mais e meu carro, apesar de todos os serviços prestados, não tem mais razão de existir. Tornou-se uma fonte de gastos desnecessários. E altos. Se você não rodar mais de XKm por dia, onde X é uma quantidade muito grande (ou se você não usar pra pegar mulher ou se você não for uma pessoa pública) não há motivo plausível/razoável para ter carro no Rio de Janeiro; andar de Taxi sai mais barato que gasolina+ipva+manutenção. Sério, fiz um cálculo pra conferir e não rola. Fora isso, não ter carro está "in". E agora que eu não terei, então, pqp! Vai virar uma febre nacional não ter carro! Sou muito trend-setter.
Valeu, negão! Espero que seja feliz com seu próximo dono. Você me quebrou muitos galhos e deu poucos problemas de 2004 pra cá.
You took me places, man.