terça-feira, junho 19, 2007

Eu tenho alguns assuntos para postar aqui, mas sempre fico deixando pra lá e pra lá. Fazer o que? Melhores momentos da minha vida; tenho que vivê-los. No entanto, este me pareceu urgente e indispensável e vim aqui postá-lo, muito embora minha opinião sobre ele seja totalmente dispensável, claro.
Episódio extremamente lamentável este que sucedeu o erro de julgamento da Bandeirinha Ana Paula Oliveira no jogo Figueirense x Botafogo. Após errar em dois lances capitais, forças entraram em campo (não literalmente, falta hombridade) para destruir de uma vez por todas a carreira dela. Erros acontecem a torto e a direito; é muito difícil essa porcaria de arbitragem. Mas NUNCA foi feito com outra pessoa o que foi feito com ela. Um estardalhaço descabido - levando em conta a realidade do jogo - que caiu em cima da parte mais fraca. Usaram a auxiliar como bode expiatório em uma atitude extremamente lamentável, mesquinha, desprezível, baixa, e, acima de tudo, hipócrita.
Existe uma lista inúmera de erros cometidos que influenciaram decisivamente nos resultados (na fase anterior a esta supracitada mesmo, pró-réu) e no máximo o profissional toma uma geladeira de dois jogos para refletir, ou apita jogos da série B onde não figuram os times envolvidos, muito menos há tanta pressão. Ana Paula foi apitar a quarta divisão regional de São Paulo. Futebol de várzea. Humilhação total.
Meses atrás, a bandeirinha disse que nunca posaria pelada, pois seu grande sonho era ir à Copa do Mundo e acreditava que esta medida atrapalharia sua meta. E de fato, não há dúvidas sobre isso. Já seria difícil nesse esporte machista sem Playboy, imagina agora apitar com a galera na geral com poster dela.
Todos tem seu percentual de culpa na história: uma por errar e desistir, outros por tornar isso muito maior do que é, outros por não saber conduzir e bancar esta profissional (acho que, extra-questão igualdade sexual, a presença feminina é muito benéfica ao esporte).
Mas o triste mesmo é que a sociedade preteriu a nossa melhor profissional feminina na área de arbitragem ( e uma das melhores no geral) às pressões de um falastrão que não presta serviço algum ao futebol. Achei que haviámos caminhado um pouco mais, mas não caminhamos nada. Somos ainda muito verdes nessa história toda. Nossa malandragem de evitar certos assuntos através de uma falsa aceitação é feita apenas por desconforto ou até preguiça. Não se pensa no macro, não conseguimos parar e respirar e tentar relevar as coisas. É tudo muito na emoção. E ver uma parte da torcida do Botafogo extrapolar as barreiras da compreensão humanitária comemorando o acontecido (ou seja, a destruição profissional da vida de uma pessoa) como uma vitória é prova cabal disso.
Enfim, uma situação toda muito lamentável.