quinta-feira, maio 06, 2021

Tava pensando que quando eu era pequeno os ricos eram em sua maioria feios. As mulheres deles não eram gatas. E hoje, além de tudo, eles são tão ou mais bonitos que "o resto".

Talvez porque o que ditava essas uniões era uma parada classista de manter a riqueza entre eles. Mas acho que tanto os caras pensaram "porra, quero tudo; mulher bonita também! foda-se manter entre a gente e só ter mulher gostosa pra tesão; sou milionário e quero ver e mostrar beleza toda hora" e aí com as gerações passando eles ficaram bonitos, quanto mercantilizaram e padronizaram tanto a beleza que basta ter dinheiro pra fazer os procedimentos que deixam eles bonitos.

E é isso; não tenho mais nada pra falar não. Sinto que o mundo é terrivelmente desigual e até isso o dinheiro consegue agora comprar. 

Mas isso não é novidade pra mim, né? Venho falando há uns anos o quanto não me importo com esse jogo e não quero jogar. Mas era ingenuidade minha. Não há como não jogar esse jogo. 

O capitalismo é Jumanji; você tem que zerar pra poder não jogar.

And that fucking sucks.

terça-feira, maio 04, 2021

eu to um pouco sem saco pra filmes que só fazem um "painel", dão um "panorama" de alguma situação.

sinto que tem que ser uma situação muito ampla e substancial e multifacetada, tão cheia de personagens, que requer uma coisa assim pra fazer sentido.

assisti esse "nomadland" e foi o ápice desse sentimento. nada acontece com o protagonista. tipo, muita coisa aconteceu. mas "e aí?". esse é o grande sentimento e não dá pra sempre justificar com "mas é isso mesmo? e aí? a vida não traz respostas e Zzzzz... "

no caso específico desse, sei lá, é meio triste, porque acho que fala muito da era que vivemos, onde se cultua tanto o capital e seus signos e a gente tá tão descolado da base (mesmo estando muito mais próximo dela do que do topo), que a grave situação de homelessness nos EUA por causa de gentrificação, robótica, amazon, silicon valley, highways etc. + toda a enorme quantidade de pessoas de coração quebrado com o capitalismo que buscam uma vida mais significativa e barata e (acham que) encontram isso na vida de nômade, parece ser... uma novidade. algo que os chama a atenção pelo ineditismo e, disso, nasce o interesse e praise ao filme. porque a abordagem é bem meh.

eu morei numa van por 8 meses. viajando os eua, com muita interseção com os lugares por onde o filme tenta transitar. indo as vezes mais darkzeira que ele - alo méxico, alo pandemia. achei que o filme nessa pau molecencia de aspiração de ser "painel" foi razo pacas. não me vendeu 20% do medo que é não saber o que te encontra no fim da estrada. a batalha homem x natureza. as inseguranças. a impossibilidade de sair do fundo do poço. de estar sempre a um acidente da completa falência. dos olhares dos outros quanto a sua situação. a humilhação de ter que pedir dinheiro porque algo quebrou na van - tratada como um pedaço de carro, quando é sua casa, tudo que você tem. quando você não tem nada e nada é tudo que você tem. as liberdades tambem, o lado bom da coisa.

o melhor momento do filme, pra mim, é todo o momento que ela vai pra casa da irmã - ao todo uns 8 minutos, at best, do filme - quando ela, no churrasco, dá uma peitada no real estate agent-- só pra, pau mole, cortar o papo rapidinho. decepção. um tema tão bom e importante.

sou 10 mil vezes o "Sound of metal", mas, sei lá, talvez seja isso que eu to falando do Nomadland e eu gostei mais porque eu nunca vivi isso, então parece "fresh" pra mim?