sábado, setembro 27, 2014

Trintão, Trintão: todo bichado, corno, brocha e babão.
Claro que é ingênuo falar com tão pouco tempo decorrido, mas to achando muito tranquilo, quase legal, ser um trintão.
A dificuldade, para mim, foi um período que se iniciou forte nos 26 e foi suavizando até chegar a esse ponto (30), no qual estou achando tudo sôci-tranqui. Um alívio, até...
Ok, talvez essa época tenha sido acentuada por conta de coisas que aconteceram na minha vida e não seja uma coisa de fato da idade em si, mas pensando bem tem uma lógica: até os 25 quase todas as idades "adultas" tem carisma:

18 - dur.
19 - você já não é um novato em ser maior de idade.
20 - wow, tipo, você é de fato um adulto! Acabou o Teen. Duas decádas. Número cheio.
21 - em qualquer lugar do mundo você já pode ser preso.
22 - dois patinhos na lagoa, a idade do louco etc.
23 - a única idade que é repetida, que nego quer ter duas vezes (ver próximo)
24 - ahhhh viadooo! (também conhecido como 23# ou 23+1)
25 - irado. número cheio.

E aí chega o 26... putz, agora é uma contagem para os 30. Você está mais próximo dos 30 do que dos 20. É aqui que a quarterlife crisis reside forte. Você saca que há uma responsabilidade real e o mundo não te leva a sério o suficiente ainda. Você corta um dobrado pra que te incluam/considerem em algumas coisas. Estou sozinho ou alguém se identifica?
E, pior, no meu caso: eu tenho muita cara de criança. 26-29, mesmo sendo "velho" ou "experiente" para uma porção de coisas, não era forte o suficiente para vencer alguns preconceitos. "Você é muito novo pra entender isso", "onde você estudou isso?". Mesmo que eu já estivesse no mercado de trabalho há 20 anos (mais do que vários interlocutores), mesmo que eu morasse sozinho e soubesse o que é prover pra mim e pra outros há anos...
Agora, com 30, parece diferente. Sinto uma imponência sim. Eu tenho 30 anos. Eu sei o que to falando. A cara de garoto é finalmente um trunfo. O interlocutor fica "Caceta! 30 anos e conservado..."; uma mistura de fascínio/desejo com respeito. É um pouco aquela história de que o pior lugar para você estar é a um passo do fim do poço, porque quando você está no fundo do poço, não há nada pra fazer além de subir. Então, the cat is out of the bag. You are officially old (haha que exagero, mas é pra get the point). Sinto-me mais tranquilo, na real. Agora é só aproveitar, não tem o que fazer.
Enfim, é legal porque estou aqui, mas em verdade acho uma puta babaquice a importância que se dá a "cabelos brancos". Tem gente que vive há muito e não viveu nada. Que ficou velho antes de ficar sábio. O filho tem que matar o pai, ainda acho disso.

sexta-feira, setembro 12, 2014

Oh Fortuna,
como a lua, és mutável.
Sempre crescendo e minguando.
Oh Vida odiosa,
primeiro oprime
depois cura.
Pra brincar com a mente,
a miséria e o poder,
como gelo, ela os funde.

Oh Destino,
monstruoso e vazio.
Você, roda volúvel, é maldoso.
A felicidade é vã
e sempre dissolve-se a nada,
nebulosa e velada,
a mim você empesteou também.
Agora, por prazer,
me entrego a ti, despido, para vossa perversidade.

Oh Sorte,
na saúde e na virtude,
estás contra mim.
Dá e tira, me escraviza.
Então, à essa hora, sem demora
tange a corda vibrante;
já que a sorte abate o forte,
todos lacrimejarão comigo.