terça-feira, novembro 13, 2012

Era pra ser uma viagem com o time para filmar, se possível, os bastidores do, se viesse, tetracampeonato. E isso em si já é algo mega pica, muita responsabilidade. Imagina você ser o encarregado de captar imagens que traduzam visualmente um acontecimento desses... E sendo o grupo fechado/blindado do jeito que é - vai contestar? Maior campanha dos pontos corridos - uma missão cheia de desafios por si só.
Aí acordo na minha espaçosa cama de hotel no dia do jogo com uma mensagem dizendo que ambos os voos fretados haviam sido cancelados. Os outros dois colegas não mais viriam para Presidente Prudente. Um deles, o gerente do departamento, disse por whatsapp: "Dudu, você é o marketing do Fluminense".
Yeah.
Um título. Quer maior evento de marketing para um time do que esse? Agora além de me preocupar com ângulos e diafragmas, tinha que pensar na imagem e organização e mil outras coisas da possível festa. Sure. A galera tá no Rio, se rolar é lá que a parada vai ser tchan; they got my back. Mas de qualquer jeito... e aqui? A primeira missão foi desmobilizar o evento que esperava os torcedores do Rio no voo fretado, afinal ele não aconteceu. Tranqui. Depois pegar 160 camisas comemorativas da Adidas e guardar.
:: Em algum lugar desses 10 anos de blog eu me perguntei o que se fazia com a faixa de campeão feita para o time que acaba virando o vice-campeão, lembra? Agora eu sei. Um maluco tem o cu comida caso vase antes (seja campeão ou não) e também caso vase depois depois (caso não seja campeão). E pulando o erro de tempo, para podermos homenagear o Rei, no caso, nesse dia: "esse cara sou eu"::
Mas com tudo isso, como é sempre sofrido, o problema que encontrei foi de responsabilidade só minha. Um problema audiovisual elementar. O cartão de memória tava "full". Eu achava que dois cartões de 16gb iam ser suficiente e não levei nada pra descarregar. Dei mole. Com todas essas dificuldades, cheguei até a fraquejar e pensar "talvez é melhor não ser campeão hoje. Semana que vem teremos tudo mais programado. É no Rio, terá a equipe toda (e mil outras "vantagens")". Mal sabia eu da tolice do meu pensamento. Mas tudo bem, porque descartei rapidamente a idéia. Os "contras" seriam também muito ruins: me deram a oportunidade de filmar ali de perto, não poderia ser "pé frio" e fechar essa porta para o marketing do Flu (não o departamento e sim a "matéria" marketing). Acho importante. Fideliza.
Como é o time DE (e também DOS) guerreiros, descolei um laptop e na arquibancada, sol a pino, transferi os arquivos (detalhe que nunca tinha feito isso; aprendi na hora via google no celular) e apaguei o cartão pra filmar mais. E aí o jogo foi indo. Eu estava bem tranquilo mesmo no empate. Saiu o gol e fomos geral lá pro vestiário. A federação não deixava entrar, tudo certo, acabou o jogo, campeão, Belga liga e eu falo "Tetra! To aqui trabalhandodepoisagentesefalabeijo", entro no gramado pra filmar e entre o lanche pós jogo no ônibus e comunicações com o Rio sobre a festa e o trio elétrico me cai uma ficha. QUE FODA! Olha isso! Eu ali, primeiro barrado de entrar no gramado, com o Nem e o Bruno (absurdo.) e a comissão técnica, depois ali dentro filmando (e comemorando, sou filho de Deus)... EU ERA O FLUMINENSE! Sim, por que o que é o Fluminense? É imaterial. É representado por um escudo e tem uma bagagem. Mas ele não existe. Ele só existe em 90 minutos representado por jogadores que vestem aquela camisa de três cores. Eu tava lá. Vestindo a camisa e o crachá, trabalhando e fazendo parte de alguma maneira ativa e oficial daquela conquista, daquele trabalho. Pra quem olhava da arquibancada, eu era parte daquilo. Fuck it, eu ERA parte daquilo! EU ERA O FLUMINENSE!

cara. eu sou roteirista, mas desculpa, não consigo botar em palavras o que é isso. But its big. Quem me conhece minimamente sabe. Eu me envolvi fundo, política e o escambau, porque o Flu é importante para mim. Enfim... it was something.

Mas talvez fosse embriaguez de título. Aí, no voo de volta (sim, foi na verdade mais tensa do que foi vendido pela imprensa), a vida resolveu deixar claro os seus propósitos e me validar essa sensação. Os jogadores começam a cantar de cada um do elenco, tal qual a torcida faz antes dos jogos. Escalação, manja? E foram até a comissão técnica. Merecido, os caras são parte disso pra caralho. São os guerreiros que a torcida não ve. E a eles sou grato. Foi indo, indo. Até me diverti com o pensamento "imagina se falam meu nome". Óbvio que não. Minha primeira viagem. Contato prévio breve no comercial e outras ações. Personalidade fechada (por timidez, mas com eles por profissionalismo, pois "boleirar" não me leva a lugar nenhum). E aí ouço de canto de ouvido perguntarem pro assessor
"Qual o nome dele mesmo?"
"Dudu? Quer que ele filme alguma coisa aí?"
E de repente, surreal pra caralho!, os caras - humanos normais pra mim, mas que em 90 minutos se transformam em Fluminense - para os quais EU normalmente grito os nomes em reverência, cantavam: "DUDU! DUDU! DUDU".
Ficou provado. E eu estava realizado.
Eu era o Fluminense. Eu sou o Fluminense. Eu sou TetraCampeão.

terça-feira, novembro 06, 2012

To ligado que precificação não é uma parada simples; é ciência até. Mas por isso mesmo, tenho pensado há tempos no quão pouco empírica ela tem andado. Não, não vou falar sobre os aumentos de passagens, fetranspor, Eduardo Paes! Eu entendo que se não houve uma clara melhoria no serviço - de fato, por que todos os ônibus até hoje não possuem ar-condicionado? Oras... - pelo menos há de se ter correções monetárias naturais. É o preço da "valorização da moeda". Veja bem, todo mundo tá ganhando melhor - mais do que isso; todo mundo tá empregado! Não tenham memória curta...- então é natural que, para haver um equilíbrio, aumente-se o preço.
Mas eu reclamo dos produtos mesmo! Porque isso é uma tendência pré crescimento econômico. É provado com números que um componente imaterial tem agido com muita força e desnivelado as coisas: ganância. O dono de negócio está botando uma margem acima de 100% de lucro nas coisas. Questionado, ele diz que se trata de taxas, mas já foi provado que não. Ele usa o esquema de "se colar, colou". E cola por outro componente imaterial, desta vez por parte do consumidor: desejo. O brasileiro, especialmente a classe C, sempre teve sonhos de consumo para se inserir melhor na sociedade. Este tipo de gente nunca viu tanto dinheiro. Então, se ele "pode" pagar, ele paga. Mas isso é problemático, porque niguém é cauteloso de pensar na relação "posso vs. devo". Ele pode pagar 2.000 bonecos num celular? Sim. Mas ele deve? Não. Não quando 3,20 é "caro" para um metrô.
É chatíssimo, no entanto, regular com o que cada um gasta o seu dinheiro. Mas pra mim é claro que nessa toada de viver atrelado a pagamentos de 6 meses, pode haver algum bug e entrarmos numa crise de crédito igual a qual passou/passa os EUA.
Feita essa divagação, eu fico muito bolado com o valor de uso e o valor de troca das coisas. Eu não consigo conceber porque um tênis custa 200 reais. Ok, eu consigo conceber perfeitamente porque custa isso, mas não concordo. Só acho mesmo que o mundo deveria mudar e se guiar mais pelo valor de uso. Não to sendo "uhu Marx!". Mas acho que o valor de troca de marca e marketing tinha que pegar carona mais no banco de trás. Um tênis tem que custar R$35,00, cara. Esse é o preço justo. Um tênis mais sinistrão com x e y pode até chegar a 80/100. Mas 200/400?!
E pra mudar isso... basta a gente mudar. Não é depositando toda a fé num político e sua oratória. Você só derruba "sistema" se entrar no jogo e meter a cara na lama e cortar na sua própria carne. É assim que funciona o capitalismo. É bem tranqui, até. Se você consome você endorsa. O produto, o meio de produção, os interesses por trás. Tudo. Então, antes de reclamar (pra caralho), faça a sua parte, porque acho que nada é indispensável assim. Você sozinho pode ter um alternativa sim. Somos muito dependentes do primeiro poder. Mimadinhos, mesmo. O problema não é o Paes, Cabral, Freixo, Lula, Dilma, Serra, FHC, Malafaia, Guarani Kaiowa, Belo Monte, Pinheirinhos, Globo... O problema É VOCÊ! Mas, hey... você também é a solução, então, right on! Toda força ao terceiro poder! Em essência e não em contraposição.
Não consuma o que é abusivo. Não de jeitinho. Não falte trabalho dizendo que tá doente e indo fazer outra coisa. Não se atrase, cumpra seus horários. Não deixe de cumprir com seus impostos, também. Não peça pra não votar. Coma cereal no café da manhã.