terça-feira, novembro 06, 2012

To ligado que precificação não é uma parada simples; é ciência até. Mas por isso mesmo, tenho pensado há tempos no quão pouco empírica ela tem andado. Não, não vou falar sobre os aumentos de passagens, fetranspor, Eduardo Paes! Eu entendo que se não houve uma clara melhoria no serviço - de fato, por que todos os ônibus até hoje não possuem ar-condicionado? Oras... - pelo menos há de se ter correções monetárias naturais. É o preço da "valorização da moeda". Veja bem, todo mundo tá ganhando melhor - mais do que isso; todo mundo tá empregado! Não tenham memória curta...- então é natural que, para haver um equilíbrio, aumente-se o preço.
Mas eu reclamo dos produtos mesmo! Porque isso é uma tendência pré crescimento econômico. É provado com números que um componente imaterial tem agido com muita força e desnivelado as coisas: ganância. O dono de negócio está botando uma margem acima de 100% de lucro nas coisas. Questionado, ele diz que se trata de taxas, mas já foi provado que não. Ele usa o esquema de "se colar, colou". E cola por outro componente imaterial, desta vez por parte do consumidor: desejo. O brasileiro, especialmente a classe C, sempre teve sonhos de consumo para se inserir melhor na sociedade. Este tipo de gente nunca viu tanto dinheiro. Então, se ele "pode" pagar, ele paga. Mas isso é problemático, porque niguém é cauteloso de pensar na relação "posso vs. devo". Ele pode pagar 2.000 bonecos num celular? Sim. Mas ele deve? Não. Não quando 3,20 é "caro" para um metrô.
É chatíssimo, no entanto, regular com o que cada um gasta o seu dinheiro. Mas pra mim é claro que nessa toada de viver atrelado a pagamentos de 6 meses, pode haver algum bug e entrarmos numa crise de crédito igual a qual passou/passa os EUA.
Feita essa divagação, eu fico muito bolado com o valor de uso e o valor de troca das coisas. Eu não consigo conceber porque um tênis custa 200 reais. Ok, eu consigo conceber perfeitamente porque custa isso, mas não concordo. Só acho mesmo que o mundo deveria mudar e se guiar mais pelo valor de uso. Não to sendo "uhu Marx!". Mas acho que o valor de troca de marca e marketing tinha que pegar carona mais no banco de trás. Um tênis tem que custar R$35,00, cara. Esse é o preço justo. Um tênis mais sinistrão com x e y pode até chegar a 80/100. Mas 200/400?!
E pra mudar isso... basta a gente mudar. Não é depositando toda a fé num político e sua oratória. Você só derruba "sistema" se entrar no jogo e meter a cara na lama e cortar na sua própria carne. É assim que funciona o capitalismo. É bem tranqui, até. Se você consome você endorsa. O produto, o meio de produção, os interesses por trás. Tudo. Então, antes de reclamar (pra caralho), faça a sua parte, porque acho que nada é indispensável assim. Você sozinho pode ter um alternativa sim. Somos muito dependentes do primeiro poder. Mimadinhos, mesmo. O problema não é o Paes, Cabral, Freixo, Lula, Dilma, Serra, FHC, Malafaia, Guarani Kaiowa, Belo Monte, Pinheirinhos, Globo... O problema É VOCÊ! Mas, hey... você também é a solução, então, right on! Toda força ao terceiro poder! Em essência e não em contraposição.
Não consuma o que é abusivo. Não de jeitinho. Não falte trabalho dizendo que tá doente e indo fazer outra coisa. Não se atrase, cumpra seus horários. Não deixe de cumprir com seus impostos, também. Não peça pra não votar. Coma cereal no café da manhã.