quarta-feira, junho 20, 2018

McBrasil - se o sanduba não vai até você...
por Eduardo Albuquerque 



Uma última coisa:

PÃO BOLA!

E até a próxima Copa!

terça-feira, junho 19, 2018

Caraca! Tamo chegando ao final, galera!

Vamos falar sobre o resenhista de hoje: IVAN FRANKLIN! (entendedores entenderão)

Vocês devem conhecê-lo do "Ultimo dia com Eduardo Albuquerque". Ivan é brasiliense, botafoguense e rugbyense. Esse também é das antigas e achei que fazia muito sentido ele resenhar, afinal ele era blogueiro do finado lanches.blogspot.com

Por que escolhi o McEspanha pra ele? Sei lá, acho que fiz uma ligação entre Furia e Furia Jovem? Embora ele não tenha nada a ver com torcida organizada. (Tio) Ivan é faixa preta de Judô, um artista marcial paz e amor cujo a única luta é pela igualdade social e sexual. Um tremendo querido paz e amor, pureza toda vida.

Divirtam-se!


Mc Espanhapor Ivan Franklin

Quando Dudu falou que eu ia fazer o Espanha pensei logo: irado, me amarro no Molho Furioso, que com certeza vai ter no sanduíche, pois Espanha Furiosa etc. Entendedores entenderão que isso explica um pouco de qual tem sido a minha relação com o McDonald's e afins: esporadicadézimo e sem prestar muita atenção. Logo eu, que já curti tanto.

Bom, a experiência com o lanche (hahaha, lanche) não poderia ser mais "ah, lembrei pq eu não tenho vindo". Foi uma vivência super... Foi uma McVivência. Desde fotos meramente ilustrativas ao sentimento de ter sido roubado.

Prometeram brioche, veio pão pálido nível Temer com gergelim.

Prometeram copa fatiada, veio sei lá o que, talvez salame.

Prometeram batata rústica com molho... Fué.

Não avisaram nada disso quando fiz o pedido. Recebi o produto, olhei para a cara daquele golpe e fui ao meu esforço jornalístico.

Maneiro duas carnes. Maneiro o salame/copa, que não me importa de não conseguir cortar com os dentes e acabar tendo que colocar na boca muito mais do que pretendia com a mordida. O molhinho de maionese de oliva é bem bacana, suave, talvez a melhor coisa do sanduíche que me serviram.

Foi isso. Fui ao McDonald's, pedi um sanduíche e me deram um sanduíche do McDonald's. Novidades irrisórias. Foi McDonald's com cara de McDonald's. Podendo evitar, evite.

Amanhã, episódio final: Eduardo Albuquerque resenha o McBrasil!


UÉ! HOLD ON HOLD ON!
COMO ASSIM?!?!? COMO VAI SER ISSO SE NÃO TEM NOS EUA???


Ah, meu amigo... volte amanha e descubras!

segunda-feira, junho 18, 2018

Eita, Brasil...

Você, em Copa, tem só brochado, hein?

Seguindo esse clima, vem a resenha de Fabio Portugal!



hahahah   


To zoando! Mas por pouco não foi assim!

Fabio Portugal - famoso ex-guitarrista do Canvas, famoso ex-blogueiro do Tylenol.blogspot.com, famoso moshpitter, famoso meu grande amigo há 27 anos - é pai. E, por isso, tem suas responsabilidades com a linda Stella e, por isso, quando o chamei pra resenhar, ele disse alguma coisa tipo "ih, thanks but no thanks".

Mas aí, numa segunda-feira à noite, eu nem tinha conseguido falar com todo mundo ainda, e recebo um audio dele: to no McDonalds, vou comer o McFrança, anota aí...

Só que ele mandou um audio apneas descrevendo o sanduba. Fiquei até com medo pela qualidade dos outros; mas o Fabão, tão amigo quanto é, mesmo todo pegado, deu um gás depois e escreveu uma resenha pra ficar no mesmo nível da galera que aqui escreveu e que você vai ter o prazer de ler agora! Que sirva de lição pro Brasil o exemplo de Portugal, Fabio: pra fazer bonito como ele fez, tem que ser responsável e ralar muito. Nada está perdido! Pra frente que dá pra ganhar essa Copa!
 



Voilà, McDonald’s!
por Fabio Portugal

Apesar da loja próxima à minha casa, da minha rota quase diária passando diante da tua porta para alcançar a via principal do bairro nos últimos 5 anos, consegui resistir com bravura e determinação ao aroma das batatas fritas que são preparadas diariamente pelos teus funcionários sorridentes e entusiasmados. Isso há um bom tempo. Circunstâncias da vida, decidi trilhar meu caminho diferente.

Um lanche quase certeiro aos finais de semana durante minha adolescência, nas idas ao cinema de rua, tua loja ali diante do entretenimento sempre tão conveniente e convidativa! Já batia aquela fome e a promoção do Cheddar McMelt a R$ 4,50 se tornava um convite à satisfação imediata de um desejo ao mesmo tempo em que se traduzia num par de horas a menos de vida pro meu fígado...

- Caramba, volta a FITA: QUATRO REAIS E CINQUENTA CENTAVOS, tio!? Preço do sanduba, né?
- Preço da PROMOÇÃO na Era Pré-Orkutiana ficava nessa faixa aí mesmo, xará!

Então chega o Rev. Albuquerque me convocando pra resenhar um sanduba dos países... haja coração!!! Tem que aceitar, né? Porra nenhuma! Mandei aquela refugada no melhor estilo Baloubet de Rouet, ia deixar meu brother from another mother a ver navios em Ft. Lauderdale.

Daí, numa noite de segunda-feira outonal em que eu já não passava frequentemente diante da lojinha dos arcos dourados, lá estava eu... fome lascada de taurino virada na correria de um dia agitado, eu sem paciência para cozinhar comida de verdade, fui lá resenhar qual fosse o sanduíche do dia e assim, conheci o McFrança.

Não sou crítico gastronômico, Mc não é restaurante e CECI N’EST PAS PARIS, portanto serei sucinto:

  • Melt de queijo brie em cima das cebolas crocantes? Faltou sinceridade, para mim teve efeito de um molho branco usado para anular o croc da cebola. Queijo Brie, sei... Algo tão inexplicável quanto o ocorrido com Ronaldo na final de 1998.
  •  Sanduba francês mas o pão é o padrão da casa, não rolou de emular uma baguete? Um BAGUETÃO que fosse? “PUTAIN, gol de cabeça do Zidane! ☹“
  • Agora me explica: cogumelos caramelizados (LOL) na base do sanduíche? O negócio todo sambou na mão, lambuzei até a mesa ao lado com cogumelos voadores, muito sinistro! “Ô, Roberto Carlos! teu meião tem molho, arruma ele aí.”

Resumée de l’ópera: lençol desmoralizante do Zidane em 2006, gol do Pétit em 1998 e pênalti do Zico em 1986.

NÃO RECOMENDO FORTEMENTE

Amanhã: Ivan Franklin resenha o McEspanha!

domingo, junho 17, 2018

A resenha de hoje é aquela que você pensa: caceta, essa brincadeira tá ficando séria demais.

Mas o que posso fazer se só ando com pessoas do mais alto calibre, se transito entre o popular e o erudito, com a malemolência que só um Brasileiro pode ter?

Você deve reconhcer o nome Pedro H G F de Souza se você for um acadêmico. Só assim mesmo.

Para nós, ele sempre será o Pedro. Pedro Herculano, Pedro Souza ou Sedro Pouza. Meu amigo de infância, que, apesar de o ver em pessoa bicentenialmente, sempre se faz presente nas minhas rememoriações de causos engraçados da adolescência, como quando ele acabara de tirar carteira de motorista e, manobrando seu carro novinho na garagem, comigo troca as seguintes palavras:

- "Dudu, me avisa se encostar"
*CRRRRRR*
- "...encostou"

Ou causos de seu pai, Antonio - como quando ele comemorou a expulsão de Ronaldinho Gaucho em 2002 (ver 5 posts atrás).

Pedro era dono do primeiro blog ~da galera~, o cincominutos.blogspot.com, onde ele - e de vez em quando alguns amigos convidados; como este que vos fala - resenhava TUDO que via pela frente. Foi lá que começou esse lance de resenha de sanduíche da Copa. Ele ia fazer, como sempre, chamando os amigos, mas acabou que o blog acabou antes e eu acabei carregando a tocha no meu próprio blog.

Então é meio que full circle isso aqui. Que bonito!

Mas não só isso...

Sociologista do mais alto gabarito, Pedro é um dos pesquisadores mais respeitados do Brasil, tendo sido autor dos mais comentado estudo sobre desigualdade e distribuição de renda de 1928 até 2012. Ele sempre foi um crânio. Em 2000, quando precisava passar na recuperação em Química, ele que me deu aula particular.

Por essas e outras, me dá mó orgulho de trazer pra vocês o texto foda de uma pessoa do mais alto gabarito - acadêmico e emocional - resenhando... o sanduba McItalia. Adoro o quão desperdício é esse blog!




McItália por Pedro H. G. F. de Souza

Sejamos racionais: a Copa do Mundo não faz mais sentido.

Um país constrói um monte de arenas (sic) idênticas e desnecessárias para receber jogadores exaustos e desmilinguidos para jogar em seleções meia boca que perderiam de qualquer time financiado por dinheiro esquisito do mundo árabe. Tudo é embrulhado num nacionalismo chic de novela das oito e em um clima corporativo que mata a paixão mais rápido do que uma pochete.

No fim das contas, caímos naquele imenso vale da mediocridade que existe entre a elegância fria dos jogos do Barcelona e o desespero arrebatador dos jogos do Flamengo.

[2014 foi o último presente do Brasil pro mundo, só possível porque alguém em algum lugar deve ter ligado um motor com gerador de improbabilidade infinita.]

E o McDonald's? Bom, o McDonald's também é um resquício de um mundo que acabou. Um monte de comida gorda e cheia de sal que não é nem lá nem cá -- não é propriamente saboroso, não é barato, não tem charme, não é saudável...

(Não é à toa que todo fast food é obcecado com a estética anos 1950).

Só tem um detalhe nessa história aí: a Copa começa sexta e eu já não aguento mais esperar e a minha frustração só cresce porque não consegui comer o maldito McItália e vai ser legal demais ver Portugal-Espanha na primeira fase e será que o Salah vai jogar e...

... e o detalhe é o seguinte: a Copa e o McDonald's ainda têm um apelo irrecusável para qualquer um da minha geração -- eles oferecem conforto. É sempre mais do mesmo, sempre a repetição um pouco piorada do que veio antes, mas está bom demais. Em troca, a gente ganha uma cronologia, uma história e a sensação de um fiapo que ainda organiza a vida coletiva e junta todo mundo em um mesmo assunto no papo de bar.

E a cereja do bolo é que de vez em quando acontece algo sublime, como a mão do Suárez para salvar o Uruguai contra Gana em 2010 ou o van Gaal colocando o goleiro reserva só para pegar pênalti e partir o coração da Costa Rica em 2014. No resto do tempo, o tédio é só o preço da estabilidade e do pertencimento, como nunca disse o Humberto Gessinger.

(O 7 a 1 foi a maior das dádivas).

De quebra, a Copa do Mundo ainda responde uma pergunta (que talvez ninguém jamais tenha feito, mas paciência): como pode um lugar que vende nostalgia e conforto inovar? Fácil -- vendendo sanduíche inspirado por outro lugar que vende nostalgia e conforto.

Nisso, temos a coleção de clichês nacionais, ingredientes industrializados e delícias que chamamos de sanduíches da Copa. É tudo tão nostálgico e confortável que nem faz diferença se a Itália perdeu para a Suécia e ficou de fora.

Afinal, a gente já sabe como seria a Itália na Copa -- futebolzinho modorrento, time mais bonito do álbum, zaga com mais de cinquenta anos de idade, umas botinadas, umas ajudinhas do apito amigo e, ocasionalmente, um título meio na surpresa. Qual a chance de o McItália ser diferente disso?

Bom, me digam vocês. Eu não consegui. Não sei se foi culpa da greve dos caminhoneiros, da apatia popular, do Temer ou dos comerciais odiáveis que o Tite faz, mas o McDonald's mais perto de casa está sem McItália há vários domingos. Na última vez, nem McBrasil tinha mais.

(E ainda dizem que as instituições estão funcionando.)

Felizmente, dá para ir longe só a partir da descrição oficial. Basta jogar um raio desglamourizador e pensar em qualquer outro sanduíche do McDonald's, porém com uma fatia de mussarela (com gosto de plástico, mas do melhor plástico do mundo) e tomate seco (idem).

(O McDonald's parece realmente acreditar que os italianos são fanáticos por mussarela e tomate seco.)

O resultado é o melhor possível: um sanduíche do McDonald's, com tempero extras. Dá azia, não mata a fome e custa 30 reais. Mas é um sanduíche do McDonald's: acaricia o paladar, é cheio de sabores conhecidos, tem a consistência perfeita e não desmonta quando você come.

Nota: 10/10

Amanhã: Fabio Portugal resenha o McFrança

sábado, junho 16, 2018

Duas coisas pra falar: uma é que a lenda da música e da amizade Melvin Fleming me contatou para (i) reclamar a ausência de um rss feed no rtu - eu não sei fazer isso, to tentando de novo, mas nao entendo porque nao consigo - e (ii) dizer aquilo que agora é óbvio e ululante, mas eu não conseguia ver, talvez por não estar aí no Brasil vivendo e sentindo as coisas: os países-sandubas desse ano são os campeões de copa do mundo!

Ai que buro! Dá zero para mim!

Mas ainda reclamo a falta de imaginação na hora dos ingredientes que não tem nada a ver com os países e os fazem ser apenas nomes e não "inspirações".

Ele ainda falou sobre como o McDonalds está investindo agora numa linha "gourmet", pra disputar com as hamburguerias artesanais, moda no Brasa, e ficamos papeando como é doido que no Brasil McDonalds está mais pro mercado de luxo do que popular - não à toa a gente mede no Brasil o nível de desenvolvimento do lugar pela presença (ou não) de uma filial do McDonalds. E aí pensei sobre como é uma constante aqui nas resenhas ver que - muita gente de fato não comia mais lá (e aí fala "fazia muito tempo que não comia no McDonalds e isso me deu motivo pra isso") e que tá caro pacas (e a pessoa escreve sobre a surpresa com o preço). Doido. E... desculpa, eu acho, por ter obrigado vocês a voltar la e gastar dinheiro hehe.

A outra coisa pra falar: é que eu desisti dessa Copa. Foda-se, caguei. Não vou mais fazer o esquema todo de gravar e assistir fervorosamente, o video que eu ia fazer sobre a experiência. Meh. whatever. Perdeu a graça pra mim. Mas as resenhas continuam até o final! Fiquem tranquilos.

Falando nisso... vamos falar sobre a de hoje. McArgentina. No dia da estréia da Argentina na Copa... o McDonalds coloca o McArgentina pra rodar! Coincidência?!

Whatever.

Mas nosso resenhista de hoje é tudo menos whatever. Paulo Pilha é o nome da fera. Gênio da música (Paulo Pilha no Spotify), Pilha também joga muita bola - sendo o maior campeão dos torneios do Jockey Club - e é um ardoroso fã do menino Messi. Tanto que nossos amigos adoram o fazer cair na  ~pilha~ com a discussão CR7 x Messi. Em suas músicas - tal qual seu avô, o grande Rubem Fonseca, faz em seus livros - Paulo Pilha traz "eu líricos" pouco comuns. Pontos de vistas os quais não estamos acostumados a ouvir em música em geral - quanto mais música pop! Exemplo mais cristalino, o mega hit "Pedrão", sobre a dúvida existencial de um zagueiro de futebol de time indefinido, que, após ter sido expulso, fica dividido entre torcer para que seu time avance e seu substituto - o Pedrão - se destaque.

E nessa resenha ele traz esse ponto de vista único mais uma vez. Divirtam-se!





Mc Argentina
por Paulo Pilha 

A minha relação com a Argentina vem muito antes de eu saber o que era futebol. Vim ao mundo no mesmo dia do jogador mais importante de sua história: Diego Armando Maradona.

Curiosamente a minha forma de jogar futebol muito se assemelha ao meu companheiro de berço. Velocidade na condução de bola com a canhota, dribles e gols. Lembro como se fosse ontem da festa de abertura da Copa de 1990. Pedi aos meus pais para matar aula. Com muito custo acabei conseguindo a liberação e lá estava a Argentina novamente. Dessa vez passando vergonha. Perderam na estreia para Camarões por 1 a 0 com uma falha do goleiro argentino. Algumas semanas depois eles viriam fazer a que talvez tenha sido a pior final de Copa de todos os tempos. Um jogo que provavelmente teve o maior índice de sonecas no sofá da história. Apenas 4 anos após da “mano de Dios”, a Argentina seria castigada com “la simulación de Voller”. O zagueiro argentino cortou um lance totalmente na bola, mas faltando pouco tempo para o fim o juizão deu o pênalti para a Alemanha erguer o troféu.

Lembro também claramente daquele jogo da Argentina contra a Grécia na Copa de 1994 no qual Maradona seria pego no antidoping por cocaína. O futebol sofreu com aquilo. Eu sofri também. Mesmo sem saber que no dia 30 de outubro chegaríamos juntos a mais uma primavera. Assistia àquele jogo sozinho na sala da minha casa em Ipanema. Uma pequena televisão Panasonic cheia de chuviscos. Volta e meia eu ia manco até a TV e ficava girando a antena para achar a melhor imagem possível. Manco porque estava novamente com a coxa esquerda distendida. Naquele tempo não existia fisioterapia específica para futebol (ou se existia eu desconhecia nos meus inocentes 13 anos). Vivia sempre lesionado. Ficava só no gelo e no repouso. Não sabia o que era se aquecer antes de jogar, não sabia o que era alongamento, não sabia porra nenhuma, mas sabia correr e fazer gols. Informação é tudo nessa vida. Hoje em dia com 36 anos raramente me lesiono. E quando me lesiono, a recuperação é rápida. Tenho o melhor fisioterapeuta do mundo. Qualquer problema, já mando uma mensagem ou marco direto uma consulta. Todas essas distensões, no entanto, tiveram um fator extremamente positivo. Com a perna esquerda debilitada, joguei muitas peladas chutando só com a direita de modo que hoje utilizo sempre as duas pernas em campo.

Além das contusões, eu ainda tinha a maldita asma que me tirou de vários jogos importantes. No campeonato do Jockey de 1994 fui o artilheiro mesmo sem jogar as últimas partidas. Também em 1994, na sexta série do colégio, meu time foi campeão. Estive em todos os jogos. No colégio era futebol de salão. 4 na linha e 1 no gol. Nunca gostei de futsal, meu negócio era jogar em campo. Lembro de um jogo que vencemos de 10 a 7 e eu acabei fazendo 8 gols. O colégio fazia depois um confronto entre séries no qual o primeiro colocado da sexta série pegava o segundo colocado da quinta e o segundo colocado da sexta pegava o primeiro da quinta. Enfrentaríamos então o segundo da quinta série. Éramos obviamente os favoritos, mas tivemos que improvisar um time completamente diferente por conta de uma série de desfalques. No dia do jogo, um jogador do meu time liga pra minha casa. Bons tempos do bom e velho telefone fixo. Minha mãe levou o telefone até o meu quarto. Estava suando debaixo das cobertas.

- Cadê você, teu merda?

Respiração ofegante do outro lado da linha.

- Estou mal. Não vai dar pra mim.
- Foda-se. Vem assim mesmo. Estamos te esperando!

Não fui. Perdemos. E se não me engano foi de goleada. Depois fiquei sabendo que a ligação tinha sido feita de um orelhão que ficava perto da quadra de futsal. Gostei muito de ver as atuações do Batistuta nas Copas de 1994 e 1998. Excelente atacante. Eu nunca fui um brasileiro típico desses que odeia os argentinos. Talvez pelo fato de eu gostar do futebol com talento, raça, vontade de ganhar e criatividade independente da nacionalidade. Porém, tem um lado do futebol argentino que eu não gosto. Mas isso vale pra qualquer seleção. Me refiro às ceras e catimbas exageradas, as simulações de falta pra tentar ludibriar o juiz e a violência dentro de campo.

A minha simpatia pela Argentina iria se consolidar de verdade a partir de 2012 que foi quando eu passei a entender quem era aquele garoto apontado por muitos como gênio - mesmo sendo tão novo. Quanto mais jogos eu assistia, mais eu me tornava fã de Lionel Messi. Virei Barcelona, virei Messi Futebol Clube. A facilidade com que ele driblava os adversários, os passes e lançamentos cirúrgicos que ele dava, os gols que ele fazia. Não era algo normal. Na Copa eu iria torcer sempre pro Brasil, mas caso o Brasil pulasse fora, minha torcida estaria com Messi e sua seleção. A primeira Copa que eu acompanhei o Messi com atenção foi a de 2014. Vi a final com alguns amigos. Todos, claro, torcendo contra a Argentina. Eu estava quieto. Torcendo em silêncio. Argentina jogou muito melhor. Messi lutou muito, fez uma boa partida. Quase marcou no segundo tempo, mas não deu.

No dia 16 de junho vai começar tudo de novo. Argentina pega a Islândia e no dia seguinte é a vez da estreia do Brasil.

Poderia ficar aqui dias escrevendo sobre a relação que tenho com a Argentina mesmo sem nunca ter visitado o país. Aliás, espero muito em breve viajar para lá, mas enquanto isso não acontece, pude me contentar conhecendo um pouco de sua gastronomia num Mc Donalds carioca. O fast-food de Ronald saiu quase que completamente da minha vida nos últimos anos. É muito raro eu comer lá. Só que dessa vez eu tinha uma missão muito nobre pela frente: degustar o Mac Argentina e dar a minha opinião sobre o sanduba. Ao chegar no restaurante da Rua Carlos Góis, descobri que haviam feito também uma batata especial para acompanhar o sanduíche. Pedi o combo completo. Batata, sanduíche e refrigerante. O sanduíche achei muito parecido com o McNífico Bacon. A diferença é que vinha num pão gourmetizado e apimentado. A batata frita era feita de tiras enormes cerca de cinco vezes o tamanho da batata frita original. Uma espécie de molho cheddar apimentado já vinha em cima da batata com várias lascas de bacon. O molho era bom, mas achei um pouco pesado. O principal ponto negativo do combo estava na quantidade de batata. Se eles servissem a metade já estaria mais do que suficiente. O saldo no fim das contas foi positivo. O combo argentino está aprovado e que venha logo a Copa do Mundo.

Amanhã: Pedro H. G. F. de Souza resenha o McItália

sexta-feira, junho 15, 2018

Uhhhh a resenha de hoje é demais! Vocês vão adorar!

Mas antes, deixa eu dar o meu parecer (super técnico e embasado mesmo sem ter provado) sobre McInglaterra. Olha... essa é difícil de explicar. A culinária da Inglaterra é zero apreciada pelo mundo, tem zero tradição e embora seja um dos países campeões, também não vem fazendo bonito pra merecer. E tipo... ok, as vezes é uma questão de marketing: mas qual marketing que justifica Inglaterra? Porque é perto dos EUA? Então por que não colocou os Eua logo?? O fato de não ter se classificado pra copa não vale; o Mc Italia ta participando! Enfim... não tem muito porquê e acho uma pena, pois poderíamos dar pra outro país mais merecedor. Porra, até o McRussia podia rolar; podia ser um sanduba, dentro de um sanduba, dentro de um sanduba. Regado a vodka, é claro. Enfim...

Conheci Alexandre Vasconcellos em 2007 ou 2008 quando ambos fazíamos parte da Flusócio. Desde lá já nos curtíamos - muito por, à época, sermos um dos pouquíssimos com menos de 30 no grupo - e, depois, quando ambos acabamos indo trabalhar no Departamento de Marketing do Flu, aí viramos amigaços. Alexandre é fã de rock n' roll, especialmente britânico. Mega fã de Oasis, o cara tem até aquela epiphone union jack do Noel Galagher tatuada na perna. Quer dizer; semi tatuada. Ele nunca fez o contorno. Faz essa porra, maluco! Além destas afinidades, Alex sempre foi muito bom com as palavras e, juntos, compomos diversos textos e idéias que marcaram a inesquecível campanha de marketing "Decida o Tetr4", do inesquecível título de campeão brasileiro de 2012. Fora um dos projetos mais geniais de marketing esportivo - a Ocupação 41 - implodida por dentro por fraqueza da Flusócio, maluquice do Peter e influência política da Comunicação da época, capitaneada pela FSB. Bons tempos! Vivemos muitas coisas, crescemos muito eu, ele e toda a bravíssima equipe da época, cheia dos melhores profissionais que já vi - e seguem dando show nessa área por onde passam; eu tava lá só praquele projeto... nunca mais.

Só um aviso pra quem tá lendo: o Alexandre tem um gosto culinário muito doido. Quando viajávamos com o time, ele fazia umas misturebas no café da manhã dos hotéis que sempre eram enviadas pro grupo de whatsapp para notificar aos chefes e equipe, que o rapaz tinha algum pino solto. Era kiwi, com linguiça e doce de leite, com maple syrup enxarcando tudo. Então, se é que alguém aqui tá realmente interessado em ver a crítica gastronômica para escolher qual dos sandubas quer experimentar: (i) po, to fazendo isso desde 2002 e até agora você não percebeu que isso aqui não é exatamente a melhor fonte pra isso? e (ii) teje avisado e não reclame comigo caso você chegue no McDonalds e o gosto for muito doido; o paladar dele não é muito confiável.

Enfim... no que interessa - um ponto de vista e uma voz qualificada para estimular seu pensamento e te fazer gastar tempo precioso da sua vida com bobagem que não vai contribuir em nada - ele não decepcionou e fez uma resenha antológica! Essa série só melhora; tá demais! Aproveitem!





McInglaterra e um pouco de Brasil em 2018
por Alexandre Vasconcellos

Quando meu amigo/gênio/ídolo/guru Dudu Albuquerque me contou sobre sua missão quadrienal – avaliar os sandubas do McCopa -, já achei irado por si. Ao revelar o país designado para mim, Inglaterra, fez ainda mais sentido, dada a minha devoção à cultura daquelas bandas, bem sabida pelo nosso caro Reverendo. Missão dada, missão cumprida. Quão difícil seria?

Entre eu e o McInglaterra, havia um Brasil. Havia um Brasil entre eu e o McInglaterra.

Sexta, 18 de maio de 2018, 22h. Parto com um amigo em comum, Lucas Sodré, rumo ao McDonald’s do Largo do Machado, após uma saideira clássica na São Salvador. Fila troncha, chão húmido de rodo recém-passado, nossa vez.

“Me vê um trio do McInglaterra, por favor?”
“Senhor, não estamos tendo o McCopa hoje, os pães acabaram. Na verdade não temos o pão dele, nem o queijo nem o molho também”.

Achei estranho, nunca vi faltar insumo no velho rival dos McDowell’s (entendedores...). Pessoas com atitudes pró-adiposa não perdem viagem. Elas pedem Big Mac. Sexta que vem tento, pensei.

Segunda, 21 de maio. Deflagrada a greve dos caminhoneiros. Será que foi um reflexo antecipado? Vamos ver se isso dura até sexta.

Durou. Mas fui tentar, vai que.

Sexta, 25. Não tinha nem batata. Liguei para alguns, nada. iFood, nothing. Me perguntei se a paralisação seria uma vingança divina, uma espécie de “Não Vai Ter (Mc)Copa” cármico-obêsica.

Puta falta de sacanagem.

Estas semanas foram repletas de escassez e estranheza no ar. Não há restaurante que não aponte falta de algo essencial. Menus tristonhos. No Galeão quarta, véspera de feriado, a cena era Georgia, Walking Dead – BK só tinha Cheddar, e 6 pães. Subway, teryaki, presunto. Mc, apenas PÃO DE QUEIJO E BROWNIE. Distópico, ou numa ruptura do contínuo espaço-tempo. A Matrix estava bugada.

Temi pela próxima sexta, agora em Sampa.

Greve superada, haveria chance para a saga Mundialista ter sua decisão?

Houve. Teve McCopa sim!

Ao que interessa nessa bodega.

FICHA TÉCNICA
Torneio: McCopa 2018
Rede: McDonald’s
Sanduíche: McInglaterra
Data: 01/06/2018
Local: Casa, via iFood, McDonalds do Morumbi Shopping
Escalação: Dois hambúrgueres e cebola crispy; fatias de bacon e queijo emental; barbecue & picles num pão com gergelim. Coca-Cola, entrando no segundo tempo. Método de análise: escala BritRock/BritPop.

Notas:

Dois hambúrgueres: nenhuma novidade, pegaram da geladeira e jogaram na chapa qualquer um do Big Mac. Você até dança se tocar na pista, mas sozinho, você dá forward no Spotify. Nota Bloc Party (4,5).

Cebola Crispy: fazia parte do sanduíche? Não se fez notada, apesar de sabermos que existe. Nota Snow Patrol (4).

Fatias de Bacon: para o padrão da casa, fez bonito. Das credenciais mais altas do certame. Nota The Clash (7,5).

Queijo Emental: Em si já é um queijo sem graça. Nesta versão, vemos uma evolução da ausência de propósito. Nota Libertines (3,5).

Barbecue: Dá a graça ao time. Supre a falta de empenho de alguns componentes, com um bem servido agridoce. Mais adocicado que a versão para McNuggets. Nota New Order (8)

Picles: Duas fatias maiores que em outros sandubas, mas não se destaca. Al dente, pelo menos. Nota Kaiser Chiefs 6,5.

Pão com gergelim: Cumpre o papel de segurar o recheio & manter as mãos menos melecadas, mas não faz a graça da festa. Nota Echo & the Bunnymen (5)

Coca-Cola: sem gás. Xarope maldito. Perda de tempo e desperdício de calorias. Nota Wham! (2,5)
Tamanho: menor que um Big Mac, maior que um quarteirão. Satisfaz. Nota Kasabian (7).

Veredito: não vale a briga para mudar algumas coisas, dar outro nome e enfiar no menu. Que o palhaço imobiliário tenha uma nova ideia para os britânicos para 2022 (se a seleção melhorar e se classificar, claro). Nota Keane, 5,5.

Adendo do comentarista

Apesar de carregar a admiração pela cultura inglesa em minha pele, desta admiração nunca fez parte a culinária. Não há nada verdadeiramente notável no menu tradicional dos súditos, a não ser um eventual Fish & Chips bem feito (e o melhor que comi foi na Disney de Orlando).

Posto isso, seria injusto esperar um espetáculo deste lanche. Nenhum item, isolado ou conjunto, poderia atingir mesmo o patamar de Deuses (Beatles, Who, Stones, Led, Floyid), Semi-Deuses (Jam, Smiths, Kinks, Clapton) ou Heróis do Olimpo (Oasis, Blur, Radiohead). Nada na cozinha deles poderia. No máximo, com muita boa vontade e fome, um Coldplay – bem apresentado, marketing forte, alegra o dia, mas não preenche a alma.

Yours trylly,
Alexandre Vasconcellos


Amanhã: Paulo Pilha resenha o McArgentina

quinta-feira, junho 14, 2018

(Antes de qualquer coisa: hoje começa a Copa. Vai ser complicado divulgar esse post nas redes sociais sem receber spoiler dos jogos. Sim, porque eu vou gravar os jogos e tentar não saber nada até chegar em casa e assistir os jogos! To tenso! E depois (bem depois, tipo final da copa) eu conto pra vocês como foi. Por enquanto continuem entrando aqui e vendo as resenhas e papeando sobre isso nas redes, de preferência sem fazer piadas com coisas que aconteceram nos jogos, pois eu não vou ter assistido ainda. E agora vocês todos vão fazer exatamente isso, né? Great.)

Apesar de eu só ter escalado fera para essas resenhas, podemos dizer que o de hoje é um resenhista profissional! Afinal de contas, Bruno Janot é, entre várias coisas, crítico de cinema, tendo escrito por anos diversas resenhas de filme para o portal msn.

Na hora de escolher quem ia fazer cada sanduba, eu fiz alguma ligação entre aquele país e a pessoa, mas juro que a ligação nesse caso não foi maconha! Até porque, eu poderia ligar a qualquer um que vai escrever aqui, afinal sou ex-ator e roteirista, então só devo andar com maconheiro, não é mesmo amigo binário reaça?! Pra dizer a verdade... qual ligação que podemos fazer com o Uruguai? Diferente do McAlemanha de ontem, que é sempre favorito em campo e nos sandubas, o Uruguai me parece sempre um wildcard doido. Tipo... ninguém o imagina sendo campeão, mas também não ponho minha mão no fogo dizendo que não vai de jeito nenhum. Alguém imaginava que o Forlan ia ser o melhor da Copa de 2010? Vai que o Suarez não morde ninguem e mete gol a vera? E no campo da cozinha... eles não são Argentina, mas também são conhecidos pelas carnes e tal. Então, sei lá... é uma escolha esquisita do McDonalds e pensei que só resenhistas profissionais como Bruno Janot conseguiriam ver poesia no sanduba por trás desta escolha esquisita que o Donaldo vem fazendo.

E sabe de uma coisa? Acho que acertei na mosca fazendo isso. Deleitem-se com Bruno Janot e o McUruguai!


Mc Uruguai por Bruno Janot

Meu caro amigo, eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades


Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Quando o dono e proprietário deste espaço me convidou para ingressar o time de craques incumbidos da missão de substituí-lo nas já tradicionais resenhas dos “sanduíches campeões” (a.k.a. McFavoritos da Copa) o meu sentimento foi de profunda empatia. Quem conhece o cara sabe como ele está sofrendo por estar longe da terra brasilis nesta época de mundial. Foi, portanto, motivado que pisei depois de bastante tempo em uma loja do McDonald’s para experimentar o McUruguai.

Confesso que a minha primeira impressão foi na verdade um susto ao descobrir o valor da promoção: t-r-i-n-t-a golpes! Mas aparentemente faço parte da minoria que se incomoda em pagar num hambúrguer do Mac o preço de um ~artesanal~. Na fila, praticamente todos os pedidos foram pelo sanduíche campeão e ninguém parecia se importar na hora de tirar o dinheiro da carteira. Algum publicitário me dirá: “viva o espírito da Copa”.

Mas enfim, sem mais delongas, vamos direto ao ponto. Numa escala de um a cinco Luisitos Suárez, o McUruguai fica com quatro mordidas. Vamos aos motivos. A principal novidade na edição 2018 dos McFavoritos é o pão de brioche, que tirou de cena o icônico pão bola. (Nota do editor: Pão Bola!!!) A substituição poderia ter sido um tiro no pé, mas acabou combinando muito bem no sanduíche uruguaio. Mas o ponto forte de verdade fica com a maionese chimichurri, que junto com a copa fatiada e a ~cebola crispy~ deixam um gosto apimentado muito bom na boca.

Só que nem tudo são flores canábicas. Quando se fala na gastronomia do nosso simpático vizinho latino, qual comida seria a mais famosa? Eu diria a carne, o churrasco. Provando que criar expectativa é um convite para frustração, bateu uma certa decepção pelos dois hambúrgueres serem iguais aos de um Big Mac. Faltou ousadia, “cojones” como diria o Loco Abreu.

A mesma ousadia que também faltou na hora de criar um McRússia no lugar do McItália, que nem na Copa está. Mas isso é uma discussão que fica para um outro momento. Em compensação, nesta edição todo dia é dia de Brasil, o que acaba criando uma disputa de preferência na hora da escolha. E o sanduíche brasileiro tem queijo coalho empanado... Vingamos a derrota de 50.

Amanhã: Mc Inglaterra por Alexandre Vasconcellos

quarta-feira, junho 13, 2018

Mc Favoritos 2018

A Copa do Mundo está chegando a galope e eu não poderia estar mais deprimido; pela primeira vez na minha vida eu não vou poder assistí-la. Meu calvário começou no momento em que os EUA não se classificaram. Ali soube que teria problema. A confirmação do infortúnio se deu quando arrumei meu trabalho super tradicional, o qual não me dará a oportunidade de assistir aos jogos. Os horários são péssimos (8, 11, 13) e as pessoas de lá não poderiam se importar menos. Não existe a menor possibilidade de convencê-los que isso importa pra mim, que se trata de uma questão existencial e vim estaqueando minha existência através das Copas do Mundo!

Isso significa o quê? Que deixarei de existir? Que vou lembrar dessa Copa pela total ausência dela?

Hell no!

Resolvi que vou vivê-la a minha maneira. Quanto aos jogos em si, não vai ter muito jeito... mas a Copa do Mundo vai além dos 90 minutos de bola em campo. E uma das coisas que vem marcando o espírito da Copa do Mundo para nós desde 2002, Artur, são as resenhas dos McFavoritos. Nós começamos isso e virou uma tradição e não podia deixar a resenha morrer, não poderia deixar a resenha acabar.

Como o futebol é um esporte coletivo, recorri aos meus talentosos amigos para ajudar-me nesta missão - é a primeira vez na história de mais de 15 anos deste blog que outra pessoa que não eu escreve aqui - e, a cada dia da semana, um deles virá convidado para resenhar um dos sandubas da Copa. Minha interferência foi mínima; apenas escolhi a pessoa e o sanduba. A quantidade de palavras e o foco ficou à cargo de cada um. Está muito sensacional, cada um a sua maneira e, mais importante, me ajudando a sentir, ainda que um pouquinho, participante desta Copa.


A primeira resenhista tinha um blog há anos atrás e é uma voz da qual sinto muita saudade de ler. Uma pessoa que já citei mil vezes aqui, que acompanhou você desde o seu nascimento, artur. Minha bff Olivia, Kiri, Cambier. Da minha família preferida de Belgas, ela resenhou o McAlemanha e mandou até foto!


***

Kiri Come McAlemanha
por Olivia Cambier

Rtu eu te leio desde 2002, e inclusive voce me inspirou a ter meu próprio blog! E olha eu aqui escrevendo em voce, que momento!

Fiquei muito lisonjeada quando Dudu me chamou pra fazer a resenha de um dos sanduiches da Copa do Mc Donalds! Quem sou eu pra avaliar esses sanduiches? Confesso que não comi nenhum das edições anteriores, e eu sou fã de Mc nuggets com molho barbecue, é raro eu comer um hamburguer! Mas obvio que eu não falei isso pro Dudu por medo de perder minha chance de aparecer aqui!!
Então hoje veio a mensagem que o meu hamburguer seria o Mc Alemanha. Não tem Mc Bélgica (eu sou belga) então vamos pro paíz vizinho com a bandeira igual só que horizontal né? Fui no site do Mc Donalds pra ver como era o Mc Alemanha e vi que hoje era o dia dele! Não perdi tempo, fui almoçar no Mc Donalds (meu primeiro Mc Donalds do ano!)

Vamos aos fatos: “Pão com Gergelim Preto e Branco, Mostarda Rústica, Tomate, Bacon, Queijo Emental, Cebola Caramelizada e dois Hambúrgueres. Acompanhado da deliciosa Batata Alemanha: Batata Rústica com Maionese e Bacon Picado.”



Eu já tinha gostado da descrição e gostei bastante do Mc Alemanha. O que eu mais gostei foi a mostarda rústica que da um toque diferente ao sanduíche, o bacon e o queijo são gostosos, e o pão é macio. A cebola caramelizada (que de caramelizada nada tinha) e o tomate eu dispenso, não agregam em nada. Vem um pauzinho espetado que virou o retirador dessas coisas indesejadas. E gente, e como boa belga, eu AMEI essa batata frita com maionese e bacon, estava muito boa, crispy and juicy!

Obrigada Rtu por me dar um motivo pra ir ao Mc Donalds!


Amanhã: Bruno Janot resenha o McUruguai

segunda-feira, junho 11, 2018

1990 - Lembro do Dunga dando um chute lá do meio de campo, de todo mundo odiar muito ele (tempos depois, olhando pra trás, vejo que foi uma daquelas primeiras exposições a uma passionalidade - pra usar uma palavra mais racional e não usar-me eu mesmo da tal passionalidade - típica do Brasileiro). Lembro de um jardim de inverno paulista - eu morava em São Paulo na época. Lembro do Brasil eliminado. Goicotchea pegando penalti a vera. Lembro da final. Mas eu era pequeno, é tudo uma névoa. Sensações e imagens esparsas. Sem conseguir conectar uma com a outra.

1994 - Tijuca! Churrasco na final, eu tenso porque todo mundo tava tenso mainly. Acho que não tinha ainda "stakes" suficiente pra estar tenso por conta própria. Veio o título e o release da emoção, todo mundo se abraçando. Que momento legal de todo mundo sendo legal com todo mundo. Futebolzinho de noite, todo mundo brincando de ser Romario e metendo gol. Eu era o Branco, por motivos de Fluzão - esse eu já tinha "stakes". Mas fui Romario tambem, claro. Jogava muito pqp.

Mas esse foi o desemboque!

Antes lembro da TV Mitsubishi que a mamãe comprou e dava garantia até a copa de 1998! Parecia uma vida inteira. Lembro de comprar uma camisa azul da seleção no camelô em frente ao Bobs. Acho que a única camisa falsi que comprei na vida - junto com uma que retrô do Flu antes do Flu ter departamento de marketing e passar a contemplar saudosismos como esse; nunca tive Liga Retrô, por exemplo. Comprei de um mano que fazia e vendia no Orkut. Naquela época era dificil pacas comprar camisa oficial. Não tinha quase em loja; especialmente azul. Então nem me sinto mal por isso. Voltando à copa em si... lembro do Hagi. Do Stoichkov e Leitchkov (era esse o nome do careca deles? Tinha cabelinho do lado) da Bulgaria. Camarões. Essa copa foi irada.

1998 - Essa foi a primeira que talvez já entendesse tudo, porque foi um ano depois da outra copa que me embebi do futebol total. O Fluzão ganhou o imortal, inesquecível, surreal, carioca de 1995, um dos títulos mais incríveis da história do futebol, ganhando em cima do time do maior jogador do mundo na época (o Baixola) com um time todo mambembe, me ensinando a força da camisa do Fluminense e junto a tudo que a copa proporcionou... comecei a jogar, fazer escolhinha bla bla bla... e ainda vi o outro lado, com o Flu rebaixado, rebaixado de novo e de novo. Então 1998 eu já era "formado" nessa porra.

O que mais lembro são duas coisas: mamãe viajou para NY durante a copa. Eu e Adri pedíamos durante todos os intervalos Dominos Pizza, porque era certeza que eles demorariam mais de 30 minutos - porque todo mundo devia fazer o mesmo - e saía de graça. Coitado dos motoboys... mas era bom pacas. Traquinagem de criança. Acho que por memoria afetiva, essas eram as pizzas mais gostosas que comi na vida. Lembro de ver o jogo de estreia - contra Escocia, do lendario FOCK IUL do Junior Baiano para um escocês - na casa do Vovô e Vovó. Na sala. Botaram uma TV lá. Mas já morávamos na Visconde de Pirajá.

Nessa, assistimos numa Samsung com garantia até a Copa de 2002! A Mitsubish tinha ido pro nosso quarto, onde assisti o último jogo. Do burburinho de amigos ligando pra dizer "liga a tv! olha o ronaldinho" antes do jogo avisando da sua convulsão. Até assistindo achando que tudo daria certo no final. Só que o Zidane foi rápido pra destruir isso. Lembro do Edmundo raçudo. lembro de pensar que se ele jogasse o jogo todo, poderia ser diferente. Ele tinha destruido o Campeonato Brasileiro no ano anterior. E, anyways, mais que isso... se o Romario tivesse ido, aquilo não aconteceria. Ia ter diminuido a pressão no Ronaldo. Como o Ronaldo tava jogando aquela epoca... parecia que ele resolveria qualquer coisa. E o time todo, pqp, era muito foda. Que seleção. Meio campo era Dunga jogando o fino, Cesar Sampaio, Leonardo e Rivaldo. pqp.

Mas voltando à final, lembro que minha mãe tinha voltado de NY e tinha me trazido o "Out of Time" do R.E.M. Quando o Petite fez o terceiro gol, eu liguei o som e fui ouvir meu disco mais um pouco - tava viciadão. Até hoje quando escuto lembro um pouco do sentimento. Triste, triste pelo Ronaldo, que queria que ganhasse 4 titulos seguidos e passasse o Pelé! mas tudo bem também. Sou Fluminense, aprendi cedo que a derrota não diminui - na real valoriza - sua próxima conquista. E é essa mentalidade que temos que ter: a próxima conquista. Nunca parar.

2002 - Essa foi divertidona. Muitas pérolas. Internet bombando em minha vida, não era mais ator, saía de noite... A partir daqui já existia Artur, então é capaz de eu repetir algumas coisas que já falei por aqui, enquanto acontecia. Lembro de ver um jogo no Odeon de madruga: Brasil e Costa Rica. 5x2. Puxei uma ola no cinema; até hoje um dos grandes feitos da minha vida. E tinha show do Tremendões antes do jogo. Era tudo meio mambembe, marginal... só a Globo cobrindo. Pipoca doce e maçã do amor (era dia dos namorados?) uma grande diversão. Brasil x Inglaterra, na casa do Pedro, Antônio veio com uma das grandes pérolas da mística do futebol que ficaram marcadas na minha cabeça: Ronaldinho Gaucho arrebentando, Brasil ganhando 2x1, mas jogo parelho. Inglaterra boa pacas. Aí ele é expulso, todo mundo bolado e ele "AEEE PORRA! Agora já ganhamos!". Que isso? Tá doido? Um dos nossos melhores jogadores foi expulso! "Não, não...isso é máxima do futebol. Time que tá ganhando e tem um jogador expulso não perde. É batata. Já é nosso" hahaha a gente riu muito. Mas não é que deu certo?

Lembro de várias outras coisas. Acordar cedinho pra final... foi bem fácil. Um sentimento de Brasil é foda; não tem como: somos favoritos em QUALQUER copa. E somos mesmo. A gente tava fodido nessa copa. Quase não classificou. Felipão entrou no finalzinho. Aliás, lembro muito dessa eliminatoria... desde 1998 até 2002 foi um calvário pra seleção. Teve uns brilharecos com o Vanderlei Luxemburgo, mas em geral foi uma bosta. Lembro da Natassia passando mal por ter bebido demais numa festinha no Fernando onde assistimos Brasil e Venezuela e o Brasil sofreu pra passar. Mas isso não é sobre eliminatoria; eliminatoria é parte da copa ou não? porque senão eu tinha que falar sobre em 93 o Brasil na Bolivia, o frango do tafarel, o Baixola salvando a porra toda no Maraca e também o último jogo antes da copa de 98, no antigo maraca, que fui de cadeira azul com a Deborah Secco hehe

Mas lembro de depois da final ir pra Ataulfo comemorar - ja morava no Leblon. Fecharam ali no clipper e foi esquisito pacas... nego bebendo as 10 da manhã. Vi umas pessoas do colégio... lembro de no colégio também ver um jogo da França no departamento de audiovisual. Não lembro qual, mas eles tavam de branco e tomaram ferro. Zidane tava mal ou machucado, sei la. Lembro do Brasil e Turquia, Denilson e os 4 turcos. Chupa Sukur! Lembro da casa do Melvin um jogo do Mexico, eu acho. Cara, to chorando quase lembrando isso tudo e pensando que não terei nada disso nessa copa. Pqp. Chega, próxima copa.

2006 - Esse time era fodão também. Dida monstro, Cafu, Lucio, Juan, Roberto Carlos. Ze Roberto com apenas 30 anos na epoca, Juninho Pernambucano jogando o fino, Kaká, Ronaldinho Gaucho (melhor do mundo), Adriano e Ronaldo. E ainda tinha voando no banco Robinho e Fred. Mas um bando de coisa deu errada e me ensinou muito também.  Lembro que foi mais ou menos por causa da Copa que conheci a Maju; a copa estava vindo e comentando sobre, falamos do Michael Owen. Lembro de participar de um bolão da copa e fazer tudo sério, até chegar a final Brasil x Argentina, a qual disse que daria 17x2 pro Brasil.

Lembro de me impressionar com a Alemanha e achar que aquela geração ia vencer um título. Lembro de torcer muito pro Zidane. E de achar tudo muito louco naquela final. Como é que aquilo ia acontecer?! Como é que aquela retranca ia ganhar e aquele imbecil do Materazo ia sair por cima. A imagem dele saindo expulso, passando pela taça... icônica. E lembro que nessa copa eu percebi como a coisa estava rápida na internet. Em poucos minutos, já tinham vários gifs do Zidane no msn pra você postar.

2010 - Engraçado... esportivamente eu lembro de muita coisa, mas do lado pessoal não muito. Vuvuzelas, whatever. Sei lá, tava todo heartbroken e emerso em trabalho, com a Barry Nice começando a dar problemas. Lembro de ver um jogo lá nos belgas, mas não muito além disso. Lembro de achar a seleção decente e ter muito bode do tratamento do público e da imprensa com o Dunga. Uma pena ele não ter ganhado; tinha como. Loco Abreu no penalti, Soarez, aquele lance todo de Ghana foi muito doido. Espanha meh.

2014 - OEA!!!!
Melhor copa da história. Que momento que o Brasil viveu. E fora isso, esportivamente foi ABSURDA! Quanta coisa, quanto jogo incrivel. Lembro de ver aquele golaço do Van Persie na casa do Pilha e acabar a luz. E o 7x1 no André, claro. Que sensação weird. Mas lembro de todos os eventos, de a Luisa pagar pela lingua, primeiro sendo mané sobre a Copa e depois se deixando levar pelo clima maravilhoso que é uma Copa. Os #1517 todos lá em casa, até o Jesusito. E o Eto' e aquele menino, que coisa linda? Lembro de, de última hora o Pilha me vender um ingresso pra Russia e Belgica no Maraca; que coisa maravilhosa ver um jogo de copa do mundo!

Foi justa a copa ir pra Alemanha, foi mega injusta - mas esperada - a perseguição ao Fred; se jogassem para ele, e não pro Neymar, éramos campeões. A parada era essa; concentrar nele pra livrar o Neymar. Enfim... foi foda e fitting ser a última copa que vi, pois vejo que - a 3 dias do começo da Copa de 2018 - a lembrança desta próxima Copa será a lembrança de uma não-copa. Reprises e reprises. Aquele sentimento de corno, de estar desfrutando uma coisa que não está lá. Ou será que consigo curtir? Outro dia vi uns bons 5 minutos de NBA vibrando e achando que era ao vivo, quando descobri que era reprise. E, além do mais, quando admiramos uma estrela no ceu e namoramos à luz dela, achando-a genial e romantica... ela não está lá. É a mesma coisa que ver os jogos depois deles já realizados.

Né?

Pelo menos assim gosto de pensar. Sei lá, cara. To deprezaço.

Mas também... desde a última Copa até aqui tem tido mesmo pouca coisa no mundo que dá vontade de pegar e falar "Eu lembro".
Tem tido mais coisa que dá vontade de esquecer mesmo.