sábado, junho 16, 2018

Duas coisas pra falar: uma é que a lenda da música e da amizade Melvin Fleming me contatou para (i) reclamar a ausência de um rss feed no rtu - eu não sei fazer isso, to tentando de novo, mas nao entendo porque nao consigo - e (ii) dizer aquilo que agora é óbvio e ululante, mas eu não conseguia ver, talvez por não estar aí no Brasil vivendo e sentindo as coisas: os países-sandubas desse ano são os campeões de copa do mundo!

Ai que buro! Dá zero para mim!

Mas ainda reclamo a falta de imaginação na hora dos ingredientes que não tem nada a ver com os países e os fazem ser apenas nomes e não "inspirações".

Ele ainda falou sobre como o McDonalds está investindo agora numa linha "gourmet", pra disputar com as hamburguerias artesanais, moda no Brasa, e ficamos papeando como é doido que no Brasil McDonalds está mais pro mercado de luxo do que popular - não à toa a gente mede no Brasil o nível de desenvolvimento do lugar pela presença (ou não) de uma filial do McDonalds. E aí pensei sobre como é uma constante aqui nas resenhas ver que - muita gente de fato não comia mais lá (e aí fala "fazia muito tempo que não comia no McDonalds e isso me deu motivo pra isso") e que tá caro pacas (e a pessoa escreve sobre a surpresa com o preço). Doido. E... desculpa, eu acho, por ter obrigado vocês a voltar la e gastar dinheiro hehe.

A outra coisa pra falar: é que eu desisti dessa Copa. Foda-se, caguei. Não vou mais fazer o esquema todo de gravar e assistir fervorosamente, o video que eu ia fazer sobre a experiência. Meh. whatever. Perdeu a graça pra mim. Mas as resenhas continuam até o final! Fiquem tranquilos.

Falando nisso... vamos falar sobre a de hoje. McArgentina. No dia da estréia da Argentina na Copa... o McDonalds coloca o McArgentina pra rodar! Coincidência?!

Whatever.

Mas nosso resenhista de hoje é tudo menos whatever. Paulo Pilha é o nome da fera. Gênio da música (Paulo Pilha no Spotify), Pilha também joga muita bola - sendo o maior campeão dos torneios do Jockey Club - e é um ardoroso fã do menino Messi. Tanto que nossos amigos adoram o fazer cair na  ~pilha~ com a discussão CR7 x Messi. Em suas músicas - tal qual seu avô, o grande Rubem Fonseca, faz em seus livros - Paulo Pilha traz "eu líricos" pouco comuns. Pontos de vistas os quais não estamos acostumados a ouvir em música em geral - quanto mais música pop! Exemplo mais cristalino, o mega hit "Pedrão", sobre a dúvida existencial de um zagueiro de futebol de time indefinido, que, após ter sido expulso, fica dividido entre torcer para que seu time avance e seu substituto - o Pedrão - se destaque.

E nessa resenha ele traz esse ponto de vista único mais uma vez. Divirtam-se!





Mc Argentina
por Paulo Pilha 

A minha relação com a Argentina vem muito antes de eu saber o que era futebol. Vim ao mundo no mesmo dia do jogador mais importante de sua história: Diego Armando Maradona.

Curiosamente a minha forma de jogar futebol muito se assemelha ao meu companheiro de berço. Velocidade na condução de bola com a canhota, dribles e gols. Lembro como se fosse ontem da festa de abertura da Copa de 1990. Pedi aos meus pais para matar aula. Com muito custo acabei conseguindo a liberação e lá estava a Argentina novamente. Dessa vez passando vergonha. Perderam na estreia para Camarões por 1 a 0 com uma falha do goleiro argentino. Algumas semanas depois eles viriam fazer a que talvez tenha sido a pior final de Copa de todos os tempos. Um jogo que provavelmente teve o maior índice de sonecas no sofá da história. Apenas 4 anos após da “mano de Dios”, a Argentina seria castigada com “la simulación de Voller”. O zagueiro argentino cortou um lance totalmente na bola, mas faltando pouco tempo para o fim o juizão deu o pênalti para a Alemanha erguer o troféu.

Lembro também claramente daquele jogo da Argentina contra a Grécia na Copa de 1994 no qual Maradona seria pego no antidoping por cocaína. O futebol sofreu com aquilo. Eu sofri também. Mesmo sem saber que no dia 30 de outubro chegaríamos juntos a mais uma primavera. Assistia àquele jogo sozinho na sala da minha casa em Ipanema. Uma pequena televisão Panasonic cheia de chuviscos. Volta e meia eu ia manco até a TV e ficava girando a antena para achar a melhor imagem possível. Manco porque estava novamente com a coxa esquerda distendida. Naquele tempo não existia fisioterapia específica para futebol (ou se existia eu desconhecia nos meus inocentes 13 anos). Vivia sempre lesionado. Ficava só no gelo e no repouso. Não sabia o que era se aquecer antes de jogar, não sabia o que era alongamento, não sabia porra nenhuma, mas sabia correr e fazer gols. Informação é tudo nessa vida. Hoje em dia com 36 anos raramente me lesiono. E quando me lesiono, a recuperação é rápida. Tenho o melhor fisioterapeuta do mundo. Qualquer problema, já mando uma mensagem ou marco direto uma consulta. Todas essas distensões, no entanto, tiveram um fator extremamente positivo. Com a perna esquerda debilitada, joguei muitas peladas chutando só com a direita de modo que hoje utilizo sempre as duas pernas em campo.

Além das contusões, eu ainda tinha a maldita asma que me tirou de vários jogos importantes. No campeonato do Jockey de 1994 fui o artilheiro mesmo sem jogar as últimas partidas. Também em 1994, na sexta série do colégio, meu time foi campeão. Estive em todos os jogos. No colégio era futebol de salão. 4 na linha e 1 no gol. Nunca gostei de futsal, meu negócio era jogar em campo. Lembro de um jogo que vencemos de 10 a 7 e eu acabei fazendo 8 gols. O colégio fazia depois um confronto entre séries no qual o primeiro colocado da sexta série pegava o segundo colocado da quinta e o segundo colocado da sexta pegava o primeiro da quinta. Enfrentaríamos então o segundo da quinta série. Éramos obviamente os favoritos, mas tivemos que improvisar um time completamente diferente por conta de uma série de desfalques. No dia do jogo, um jogador do meu time liga pra minha casa. Bons tempos do bom e velho telefone fixo. Minha mãe levou o telefone até o meu quarto. Estava suando debaixo das cobertas.

- Cadê você, teu merda?

Respiração ofegante do outro lado da linha.

- Estou mal. Não vai dar pra mim.
- Foda-se. Vem assim mesmo. Estamos te esperando!

Não fui. Perdemos. E se não me engano foi de goleada. Depois fiquei sabendo que a ligação tinha sido feita de um orelhão que ficava perto da quadra de futsal. Gostei muito de ver as atuações do Batistuta nas Copas de 1994 e 1998. Excelente atacante. Eu nunca fui um brasileiro típico desses que odeia os argentinos. Talvez pelo fato de eu gostar do futebol com talento, raça, vontade de ganhar e criatividade independente da nacionalidade. Porém, tem um lado do futebol argentino que eu não gosto. Mas isso vale pra qualquer seleção. Me refiro às ceras e catimbas exageradas, as simulações de falta pra tentar ludibriar o juiz e a violência dentro de campo.

A minha simpatia pela Argentina iria se consolidar de verdade a partir de 2012 que foi quando eu passei a entender quem era aquele garoto apontado por muitos como gênio - mesmo sendo tão novo. Quanto mais jogos eu assistia, mais eu me tornava fã de Lionel Messi. Virei Barcelona, virei Messi Futebol Clube. A facilidade com que ele driblava os adversários, os passes e lançamentos cirúrgicos que ele dava, os gols que ele fazia. Não era algo normal. Na Copa eu iria torcer sempre pro Brasil, mas caso o Brasil pulasse fora, minha torcida estaria com Messi e sua seleção. A primeira Copa que eu acompanhei o Messi com atenção foi a de 2014. Vi a final com alguns amigos. Todos, claro, torcendo contra a Argentina. Eu estava quieto. Torcendo em silêncio. Argentina jogou muito melhor. Messi lutou muito, fez uma boa partida. Quase marcou no segundo tempo, mas não deu.

No dia 16 de junho vai começar tudo de novo. Argentina pega a Islândia e no dia seguinte é a vez da estreia do Brasil.

Poderia ficar aqui dias escrevendo sobre a relação que tenho com a Argentina mesmo sem nunca ter visitado o país. Aliás, espero muito em breve viajar para lá, mas enquanto isso não acontece, pude me contentar conhecendo um pouco de sua gastronomia num Mc Donalds carioca. O fast-food de Ronald saiu quase que completamente da minha vida nos últimos anos. É muito raro eu comer lá. Só que dessa vez eu tinha uma missão muito nobre pela frente: degustar o Mac Argentina e dar a minha opinião sobre o sanduba. Ao chegar no restaurante da Rua Carlos Góis, descobri que haviam feito também uma batata especial para acompanhar o sanduíche. Pedi o combo completo. Batata, sanduíche e refrigerante. O sanduíche achei muito parecido com o McNífico Bacon. A diferença é que vinha num pão gourmetizado e apimentado. A batata frita era feita de tiras enormes cerca de cinco vezes o tamanho da batata frita original. Uma espécie de molho cheddar apimentado já vinha em cima da batata com várias lascas de bacon. O molho era bom, mas achei um pouco pesado. O principal ponto negativo do combo estava na quantidade de batata. Se eles servissem a metade já estaria mais do que suficiente. O saldo no fim das contas foi positivo. O combo argentino está aprovado e que venha logo a Copa do Mundo.

Amanhã: Pedro H. G. F. de Souza resenha o McItália