terça-feira, outubro 02, 2018

Faltam-me as palavras, sobra-me angústia.

Acho que nunca me senti tão mal como gradualmente tenho me sentido em relação ao mundo. Estou além do deprimido. Tomei ações, tirei gente da minha vida (e pretendo fazer isso mais), mas não tem sido o suficiente. O saber que a minha visão de mundo - enquanto um lugar de iguais oportunidades, de paz, sem discriminação, guiado por razão, baseado em fatos concretos (ciência) - foi derrotado e não tem mais chances de, pelo menos durante a minha vida, existir é... devastador.

Não sei como abstrair da minha dor. Tenho descontado na comida, mas minha mãe fica falando que estou gordo e outro dia o Lucas falou isso pra mim - e to mesmo, ta foda - o que acaba só trazendo mais angústia porque não quero comer, mas é o que eu consigo fazer... Exercício pra gastar energia e suar a dor? Como?! Não tenho tempo nem força pra isso. Acordo 7 horas, dirijo 1 hora pra ir e 1 pra voltar de um trab de 8h30 a 5h30 onde me sento e viro uma máquina que performa uma função sem pausas de um trabalho que não contribui pra nada nesse mundo e tem até um pézinho em coisas que fazem mal, se você parar pra pensar, e além de tudo me força a olhar as redes sociais e deprimir mais. Eu chego em casa e quero respirar... Sexo - sozinho ou acompanhado - com essa energia que estou e estamos; não rola. A vida não está um tesão pra quem tem empatia por coisas fora do seu círculo próximo. Pensei em tomar drogas. Ilícitas ou medicadas; acho que me prescreveriam. Total entendo agora tantos que vão pra elas pra escapar; vai ver fui um privilegiado até aqui e nunca senti angústia tão grande a ponto de ter que recorrer a elas...

Não falo em midias sociais muito sobre o quanto o fato desse fascista ter tanto apoio me faz mal por mil motivos. Um que venho reparando ser muito importante é exatamente que quem apóia ele quer mesmo é essa reação minha e de qualquer um que não esteja junto dele. É cruel, quer ver "lágrimas", pois muito já chorou. Mas ao invés de tratar isso como qualquer pessoa saudável o faria, recorre ao ódio. Corrige sua tristeza e sua exclusão excluindo e oprimindo mais gente. Se tem uma coisa que está no meu controle nisso tudo é isso: não dar-lhes este gosto.

Sim, porque já pensei em mil coisas mirabolantes que eu poderia fazer para ajudar a reverter esse quadro, mas é fútil da minha parte achar que tem algo a fazer. Ele pode até não ganhar, mas nós já perdemos. Eu, pelo menos; nossa! O quanto que já perdi...  sono, paciência, respeito por pessoas, esperança e pudor.

Me conhecendo, sei que isso vai durar até o momento que o resultado for anunciado. Eu sofro sempre por antecedência, porque, uma vez que o conflito é declarado às claras, sou a primeira linha de ataque (veja bem; não é defesa). Eu to cheio de medo, sofrendo, calculando tudo... no pré. No momento que toca o sino, que se retiram as luvas, que "a cobra fuma"; muda tudo. Eu não to abobalhado entendendo o que tá acontecendo; eu to pronto pra agir. Sereno, silencioso e preciso. E o resultado não é bonito.
Não confundam meu pacifismo com passividade.