quinta-feira, março 12, 2020

Você sabe como é
Eu provo até café 
Pra adoçar a amargura que é a saudade que eu sinto da minha mulher

Os dias não passam
As horas amassam
Os ponteiros
Tão grande é meu desespero
Os instantes se estendem desnecessariamente 

A barriga, cheia de tanto comer,
cria espaço pro vácuo do sofrer
Uma ansiedade imensa, non stop, inédita.
A cabeça vazia com tanto pensar
Pois hoje tudo se concentra e se expande e se materializa exclusivamente naquela parte do meu cérebro que chamo de coração. E em nenhum outro lugar. Meu pensar não é senão sentir.

Eu ouço Dido pra dormir
Com a mão embaixo do seu travesseiro
Buscando com certo desespero você.
E até convido de bom grado a insônia 
achando que é uma forma de te ter aqui.
E revisito nossos medos e segredos
Pra poder sonhar acordado
Que estaremos juntos em breve
vencendo tudo: passado e presente.
E a felicidade será vivida com tanta urgência e verdade e vontade
que essa ausência que você provoca
será apenas uma lembrança de algo que foi e não mais está lá. Como uma borra de café, que odeio, mas no momento é, junto da saudade, o que me aproxima de você,  minha amada mulher.