A genialidade do diretor neste trabalho foi fazer a leitura certa do compositor desta música, que é um rock. Total. Só que formatado para ser cantado por uma teen celebrity (cantora? atriz? O que é Hilary Duff?). Guitarra civilizada, baixo e bateria altos, mas dentro do script marcando a parada, e uns synths pra saborear a canção com os vocais da menina.
E o que diz a letra? Diz que o que determina a música é quem canta e dá a ela sua subjetividade e sentimento/emoção. Que com essa mundialização, cada um se apropria de valores dos outros e bebe da fonte de um e camufla-se por outro, tudo pra chegar a um êxito duvidoso, às vezes até te enganando. Que os valores foram pra cucúia e é tudo falso e igual.
Ela, a “Lizzie McGuire”, coitada, caiu direitinho junto às suas fãs e não pescou a mensagem da letra que diz que cada hora está em um lugar. Entenderam isso como: “uau! Que vida agitada é a vida de uma pessoa popular como eu!”.
E esta é a dinâmica da Cultura de Massa mesmo, né? Não pecar nem pelo excesso de inovação – irritando o grande público – nem pelo excesso de repetição – irritando a galera “erudita”.
No clipe, Webb coloca Duff em vários cenários de festa pelo mundo e veste-a ligeiramente como “tipos” da música americana. Tem ela de Gwen Stefani, de Avril Lavigne, Madonna("strike a pose") entre outras. Repara só! É bem sútil, pra ela não perceber, mas está lá. Legal que o único momento no qual ela é ela mesmo é o começo do clipe, em casa, onde não tem que se ser nada, onde a música é composta porque ela deve ser. Os desvios de intenção vem depois, com "i put my make up on a saturday night, try to make it happen, try to make it alright". Aliás, nada mais natural ela namorar o cantor do Good Charlotte, é perfeito. Casal sem identidade, no meio do caminho.
adendo em 19 de junho: após ver mais uma vez, reparei (não sei como não vi antes)throughout the video a recorrente aparição dos DJs, símbolo clássico da apropriação da arte dos outros, né? É quase como se o clipe ecoasse o "Wake Up(acorde!)" da música, mas de maneira perversa. Na ponte da música, onde Hilary sussurra estas palavras, Marc Webb faz um chicote com todos os tipinhos encarnados pela cantora no clipe. Evidenciando isso tudo que eu falei.
Enfim, fiquei pensando se tava lendo muito em pouco, que não seriam capazes de fazer isso num clipe desses, quando ao fim do clipe veio a prova clara deste intuito. Hilary e as amigas estão vendo a banda que toca e o enquadramento faz questão de mostrar apenas os braços do batera e resto, em contraplano com as meninas. Mostrando que eles não aparecem, que este tipo não tem cara. Para coroar a música acaba e o público aplaude os operários do terceiro mundo!Só pra estragar todo o post com citação ao Dead Fish!