Você anda na rua e a massa vai junto.
As pessoas vão no embalo; quase que por inércia. Na loja, a jovem vendedora dobra a blusa a esmo, com cara de moeda. Os olhos bem abertos - porém desligados - fitam o meio entre o nada e o mundo. Você poderia dar uma piscadela ou até mostrar seu piru que ela não expressaria alguma reação.
Aqui fora o pé dói, a meia aperta, e já não bastasse a gravidade, a mochila te puxa pra baixo. Uma velha passa fumando cigarro e reclamando do calor. Seus lábios gastos abocanham o cilindro flamejante e com a ponta da língua esticada suga fumaça quente pra dentro do seu corpo e depois para o mundo no qual eu vivo. Não sentiria remorso ou pena por matar essa pessoa se não existissem ações punitivas. Mas eu continuo a andar seguindo o fluxo, deixando o que incomoda passar, afinal..."passou".
Eu e a nação em piloto automático.