eu to um pouco sem saco pra filmes que só fazem um "painel", dão um "panorama" de alguma situação.
sinto que tem que ser uma situação muito ampla e substancial e multifacetada, tão cheia de personagens, que requer uma coisa assim pra fazer sentido.
assisti esse "nomadland" e foi o ápice desse sentimento. nada acontece com o protagonista. tipo, muita coisa aconteceu. mas "e aí?". esse é o grande sentimento e não dá pra sempre justificar com "mas é isso mesmo? e aí? a vida não traz respostas e Zzzzz... "
no caso específico desse, sei lá, é meio triste, porque acho que fala muito da era que vivemos, onde se cultua tanto o capital e seus signos e a gente tá tão descolado da base (mesmo estando muito mais próximo dela do que do topo), que a grave situação de homelessness nos EUA por causa de gentrificação, robótica, amazon, silicon valley, highways etc. + toda a enorme quantidade de pessoas de coração quebrado com o capitalismo que buscam uma vida mais significativa e barata e (acham que) encontram isso na vida de nômade, parece ser... uma novidade. algo que os chama a atenção pelo ineditismo e, disso, nasce o interesse e praise ao filme. porque a abordagem é bem meh.
eu morei numa van por 8 meses. viajando os eua, com muita interseção com os lugares por onde o filme tenta transitar. indo as vezes mais darkzeira que ele - alo méxico, alo pandemia. achei que o filme nessa pau molecencia de aspiração de ser "painel" foi razo pacas. não me vendeu 20% do medo que é não saber o que te encontra no fim da estrada. a batalha homem x natureza. as inseguranças. a impossibilidade de sair do fundo do poço. de estar sempre a um acidente da completa falência. dos olhares dos outros quanto a sua situação. a humilhação de ter que pedir dinheiro porque algo quebrou na van - tratada como um pedaço de carro, quando é sua casa, tudo que você tem. quando você não tem nada e nada é tudo que você tem. as liberdades tambem, o lado bom da coisa.
o melhor momento do filme, pra mim, é todo o momento que ela vai pra casa da irmã - ao todo uns 8 minutos, at best, do filme - quando ela, no churrasco, dá uma peitada no real estate agent-- só pra, pau mole, cortar o papo rapidinho. decepção. um tema tão bom e importante.
sou 10 mil vezes o "Sound of metal", mas, sei lá, talvez seja isso que eu to falando do Nomadland e eu gostei mais porque eu nunca vivi isso, então parece "fresh" pra mim?