Parando pra pensar achei genial essa parada do Orkut criar uma espécie de counter no profile de seus usuários. É uma espécie de demonstração 'in your face' para os usuários de que eles são ridículos de ficar bisbilhotando a vida dos outros e, ao invés de assumir suas paixões e desafetos, usam como uma arma de forma hipócrita e egocêntrica.
Lendo o depoimento de uma pessoa à reportagem da VEJA (3 de maio, 2006) eu engasguei de rir no vômito que eu queria estar expelindo. "Tinha passado o dia examinando o perfil das minhas inimigas. Saber que perco o tempo com a vida delas é mostrar que me importo." Esta pessoa supracitada tem, supostamente, 24 anos. Duas décadas e quatro anos de vida. Taí uma que vai ficar velha antes de ficar sábia.
Mas a boçalidade, como de costume, superou e engoliu isso tudo. Transformou e incorporou. Virou parte da brincadeira. Tornou-se motivo pra criar mais 100 comunidades "Eu odeio ___" e "Eu amo ____", criar perfil falso pra poder fuxicar e até uma comunidade-serviço onde arruma-se cúmplices para apagar sua covardia ao não assumir seus atos, chamada "Precisa-se de 5 fakes" - pois o counter só mostra as 5 últimas visitas.
A reportagem bem titulada de "Emergência nacional" mais sutilmente caçoa dessa realidade virtual e quem a escreve provavelmente tornou pauta por viver a situação. Eu só desprezo o Orkut mesmo. Não o programa, mas o jeito como é usado. Tá na hora de acabar isso. Não precisamos de mais hipocrisia e falta de caráter e coragem, mesmo que seja virtual. Assuma o que você faz. Seja respeitoso. Não fale só por falar.
Você pode me chamar de amargo.