O perdão é das ações mais humanas que existe. Animais irracionais perdoam? E mesmo assim, o perdão não é tanto racional; é em demasia sentimento. Ele nasce, se nutre, desenvolve e se pronuncia das profundezas do sentir compaixão, empatia, amor, querer. Aliás, o perdão pode virar ação, mas antes disso é sentimento e me pergunto qual - se algum - outro sentimento suplanta nosso ego de tal maneira que lhe rende submisso. O perdão faz o ego humilde, faz o ego se curvar e entender este ato tão estrangeiro a ele como um sinal de força e motivo de auto-congratulação. O perdão é o nivelamento de duas relações, o re-encontro em um ponto de equilíbrio de uma relação que se desequilibrou. O perdão é difícil na teoria, na prática é muito simples. O perdão é tomar responsabilidade pra si também. O perdão é co-responsabilidade.
Né?
quinta-feira, abril 02, 2020
quinta-feira, março 26, 2020
caiçara, jovem lobo do mar
a determinância do saber de tua luz
é docemente ingênua
a sola do teu pé está à frente do teu tempo
liderando um caminhar leve e fluido de quem tem muito caminho pra escolher
liderando um caminhar leve e fluido de quem tem muito caminho pra escolher
protegido do sol, exposto às pedras e aos grãos
quentes, cortantes.
o peito do teu pé exposto à luz, mas banhado constantemente
pelo ar
protegido da secura que é pisar à terra
voar, nadar, fluir
o mar é o limite, o amor é um doce beijo salgado em um pescoço fresco
comer, chupar, chapar
mergulhar de cabeça em qualquer profundidade que lhe falta
não lhe falta nada, jovem caiçara.
não lhe falta nada.
caiçara, velho lobo do mar
dente fino, pente forte
camisa aberta, sal, areia,
a guia guia no inifinito ao redor de seu pescoço
onde habita o peito, o pelo, o coração, a garganta, a lingua e as rugas.
tua real força reside nas mãos firmes, nos olhos duros, na alma calejada.
o cabelo cheio é ralo contra o vento e o vento é constante
caiçara é presença distante
como o som de árvores balançando ao vento numa soneca no início da tarde
em algum lugar ancestral dentro de mim.
quinta-feira, março 12, 2020
Você sabe como é
Eu provo até café
Pra adoçar a amargura que é a saudade que eu sinto da minha mulher
Os dias não passam
As horas amassam
Os ponteiros
Tão grande é meu desespero
Os instantes se estendem desnecessariamente
A barriga, cheia de tanto comer,
cria espaço pro vácuo do sofrer
Uma ansiedade imensa, non stop, inédita.
A cabeça vazia com tanto pensar
Pois hoje tudo se concentra e se expande e se materializa exclusivamente naquela parte do meu cérebro que chamo de coração. E em nenhum outro lugar. Meu pensar não é senão sentir.
Eu ouço Dido pra dormir
Com a mão embaixo do seu travesseiro
Buscando com certo desespero você.
E até convido de bom grado a insônia
achando que é uma forma de te ter aqui.
Com a mão embaixo do seu travesseiro
Buscando com certo desespero você.
E até convido de bom grado a insônia
achando que é uma forma de te ter aqui.
E revisito nossos medos e segredos
Pra poder sonhar acordado
Que estaremos juntos em breve
vencendo tudo: passado e presente.
E a felicidade será vivida com tanta urgência e verdade e vontade
que essa ausência que você provoca
será apenas uma lembrança de algo que foi e não mais está lá. Como uma borra de café, que odeio, mas no momento é, junto da saudade, o que me aproxima de você, minha amada mulher.
quarta-feira, março 04, 2020
Venho pensando e filosofando há muito tempo sobre o caos randômico que é o universo e sobre a predileção humana à cultura narrativa; e o quanto isso é danoso. Mas acho que eu não estava com o compreendimento total da coisa - e talvez não esteja ainda; mas mais perto.
Negócio é o seguinte: o universo sim é randômico. As coisas acontecem porque elas acontecem. Não tem um "motivo", uma "razão", tipo Deus/sorte/bla bla bla está mandando isso pra que eu faço isso e aquilo. Não.
MAS... nós, os seres humanos, somos sim seres narrativos.
Por que? Porque fazemos as coisas pra obter um resultado. Agimos como agimos POR um motivo e PARA obter um resultado. Nós sim nos guiamos pela relação de causa-e-consequência. Fazemos o que fazemos por um motivo; não por absoluta randomicidade. A não ser quando a pessoa é psicopata ou esquisofrênica - ou seja, psiquicamente desprovida de lógica; randômica.
E esse desequilíbrio entre o que acontece dentro da gente e o que acontece fora da gente é que causa na gente ansiedade e deixa a todos doidos. "Por que que o mundo não responde de acordo com a forma que a gente faz as coisas, de acordo como a gente se movimenta?", pensamos. E aí, o que é foda, que nos causa ansiedade, é que a gente fica preso a isso. A gente começa a pensar "Ah, eu tenho que fazer isso pra me garantir aquilo" e "O mundo vai me dar isso por causa disso" (ou "O mundo não me deu isso por causa disso").
Mas o lance é que tá errado. A gente tem que tá em paz com ambas esferas e achar um meio termo entre elas para habitarmos. Entender que a gente é narrativo, mas que o mundo não.
Porque senão: (i) por um lado a gente fica refém - ou dos nossos desejos ou dos nossos medos. E eles passam a guiar a gente. E isso tá errado. Nem o desejo nem o medo devem nos guiar. O que deve nos guiar é a nossa consciência. É fazer o certo, fazer o ético, fazer o bem. Não pra si, mas pra todos. Porque fazer o bem pra todos, vai ser fazer o bem pra si.
E aí - entendendo que cada um está num momento diferente de sua escala de evolução individual - fazer o bem pra todos; mas principalmente pra aqueles que são próximos de você e vibram positivamente pra você. Pois se doar pra quem está muito perdida e não te dá em troca, acaba sendo gasto de energia em vão. Gasto de energia que deveria ser dado para as pessoas que estão mais próximas de você; pois são essas que temos que fazer feliz, para, assim, você estar feliz também; pra, assim, você estar em paz.
E aí, (ii) por outro lado, também não ficar tentando controlar e manipular tudo. Porque o mundo não vai dobrar à sua vontade, independente do quanto você costurou narrativamente à seu favor. Não interessa o quanto você seja bom em controlar e manipular o mundo externo; não interessa o quanto você tente: uma hora sua construção vai desmoronar e vai ser muito ruim, porque você nunca esteve buscando a coisa certa. E "isso" que vai desmoronar é tanto o mundo exterior à você, que vai cair em cima dos seus ombros, pesando em você, OU internamente; o seu próprio "ser" vai desmoronar.
Porque é água e óleo.
O mundo externo e o interno, o randômico e o narrativo, não vão virar uma coisa só. Não importa o quanto tentemos. Temos que aprender a viver entre eles. Senão o corpo entra em parafuso. De uma maneira ou de outra, se você não for pro meio, pro ponto de equilíbrio... você e tudo que você tentou construir morre.
Negócio é o seguinte: o universo sim é randômico. As coisas acontecem porque elas acontecem. Não tem um "motivo", uma "razão", tipo Deus/sorte/bla bla bla está mandando isso pra que eu faço isso e aquilo. Não.
MAS... nós, os seres humanos, somos sim seres narrativos.
Por que? Porque fazemos as coisas pra obter um resultado. Agimos como agimos POR um motivo e PARA obter um resultado. Nós sim nos guiamos pela relação de causa-e-consequência. Fazemos o que fazemos por um motivo; não por absoluta randomicidade. A não ser quando a pessoa é psicopata ou esquisofrênica - ou seja, psiquicamente desprovida de lógica; randômica.
E esse desequilíbrio entre o que acontece dentro da gente e o que acontece fora da gente é que causa na gente ansiedade e deixa a todos doidos. "Por que que o mundo não responde de acordo com a forma que a gente faz as coisas, de acordo como a gente se movimenta?", pensamos. E aí, o que é foda, que nos causa ansiedade, é que a gente fica preso a isso. A gente começa a pensar "Ah, eu tenho que fazer isso pra me garantir aquilo" e "O mundo vai me dar isso por causa disso" (ou "O mundo não me deu isso por causa disso").
Mas o lance é que tá errado. A gente tem que tá em paz com ambas esferas e achar um meio termo entre elas para habitarmos. Entender que a gente é narrativo, mas que o mundo não.
Porque senão: (i) por um lado a gente fica refém - ou dos nossos desejos ou dos nossos medos. E eles passam a guiar a gente. E isso tá errado. Nem o desejo nem o medo devem nos guiar. O que deve nos guiar é a nossa consciência. É fazer o certo, fazer o ético, fazer o bem. Não pra si, mas pra todos. Porque fazer o bem pra todos, vai ser fazer o bem pra si.
E aí - entendendo que cada um está num momento diferente de sua escala de evolução individual - fazer o bem pra todos; mas principalmente pra aqueles que são próximos de você e vibram positivamente pra você. Pois se doar pra quem está muito perdida e não te dá em troca, acaba sendo gasto de energia em vão. Gasto de energia que deveria ser dado para as pessoas que estão mais próximas de você; pois são essas que temos que fazer feliz, para, assim, você estar feliz também; pra, assim, você estar em paz.
E aí, (ii) por outro lado, também não ficar tentando controlar e manipular tudo. Porque o mundo não vai dobrar à sua vontade, independente do quanto você costurou narrativamente à seu favor. Não interessa o quanto você seja bom em controlar e manipular o mundo externo; não interessa o quanto você tente: uma hora sua construção vai desmoronar e vai ser muito ruim, porque você nunca esteve buscando a coisa certa. E "isso" que vai desmoronar é tanto o mundo exterior à você, que vai cair em cima dos seus ombros, pesando em você, OU internamente; o seu próprio "ser" vai desmoronar.
Porque é água e óleo.
O mundo externo e o interno, o randômico e o narrativo, não vão virar uma coisa só. Não importa o quanto tentemos. Temos que aprender a viver entre eles. Senão o corpo entra em parafuso. De uma maneira ou de outra, se você não for pro meio, pro ponto de equilíbrio... você e tudo que você tentou construir morre.
sexta-feira, janeiro 24, 2020
Você, Jovem Roteirista, que quer entender o que é o "All is lost", finalzinho do segundo ato de um roteiro... é esse sentimento que eu to de desistir de tudo isso que fiz, vindo pra cá, mas isso não é uma opção, pois o mundo do primeiro ato não mais existe "you can never go home again..." voltar pro Brasil de Bolsonaro, rastreamento de esgoto pra guerra das drogas, rock retirado de concurso cultural porque "leva ao aborto e ao satanismo", milícia controlando a porra toda?
É esse, o momento onde na vida real a pessoa desiste da porra toda e toma drogas até morrer, mas no filme um sinal divino aparece e o cara magicamente tira forças do cu e tudo que ele se esforçava antes dá resultado e ganha o que quer que ele queria/ou melhor.
Mas também quem sou eu pra te falar alguma coisa? Only accomplished medium stuff. Welcome to the medium place; where you're constantly questioning "what can I do differently to make it happen?", where it's never awesome enough for you and others to feel like you made it, never awful enough for you to say "yeah, just give up; be in peace with your mediocrity because this is not for you".
Not great, not terrible.
É esse, o momento onde na vida real a pessoa desiste da porra toda e toma drogas até morrer, mas no filme um sinal divino aparece e o cara magicamente tira forças do cu e tudo que ele se esforçava antes dá resultado e ganha o que quer que ele queria/ou melhor.
Mas também quem sou eu pra te falar alguma coisa? Only accomplished medium stuff. Welcome to the medium place; where you're constantly questioning "what can I do differently to make it happen?", where it's never awesome enough for you and others to feel like you made it, never awful enough for you to say "yeah, just give up; be in peace with your mediocrity because this is not for you".
Not great, not terrible.
quinta-feira, janeiro 23, 2020
I could never kill myself. I'm a creator.
I do the opposite of destroying. I make things. I don't know how to end things and am not interested in learning that. My thing is life, my thing is the new that's always transforming and continuing new.
I do the opposite of destroying. I make things. I don't know how to end things and am not interested in learning that. My thing is life, my thing is the new that's always transforming and continuing new.