Nessas viagens que tenho feito pela América do Sul tenho observado muito e refletido acerca do Brasil. Fico pensando se não seria interessante meus amigos de Facebook conhecerem a realidade da América Latina. Talvez o referencial deles seja mais europeu e norte-americano. Se isso é bom ou ruim? Pra eles? Não sei.
É até difícil; não obstante a culpa cristã (que carrego mesmo nunca tendo sido batizado), há também um constrangimento social (tampouco sou fã da esquerda) ao falar do assunto, mas a verdade é que o buraco aqui (nos hermanos) é muito mais embaixo. Aquele assunto clássico burguês do reclame das más condições de transporte público com preços abusivos: experimentem pegar um ônibus em Guayaquil; cidade mais populosa do Equador. O trabalho porco do Estado com o lixo nas ruas etc: experimentem andar nas ruas de Assunção, capital e cidade mais importante do Paraguai.
Em todos estes lugares que visitei, notei preços caros comparativamente. Notei um povo sem educação (cultural e comportamental; com direito a locais cuspindo no chão de um shopping, por exemplo). Notei a cultura local se esvaindo por uma clara influência negativa de políticos (reflexo do povo) que permitiram o capitalismo sufocar símbolos básicos de uma cultura moderna; a começar pela moeda. Para os fãs de Marx: a infraestrutura dita a superestrutura. Ain't nothing but the truth.
Trazendo isso que vi de volta pra discussão de referenciais... Sou eu o acomodado com pouco ou são os amigos do Facebook os injustos/terroristas com a nossa situação? As supracitadas culpa cristã e constrangimento socialista são faces da mesma moeda? De um coercimento político? De reflexão não são. Esta pressupõe liberdade sem embaraços.
Felicidade é um conceito de país pobre. O povo mais pobre ignora a dureza de sua vida por dificuldade de comparação, por desconhecimento do vazio da vida. Tá ocupado ganhando o pão de cada dia.
Não somos mais um país pobre.
Temos que aprender a ser feliz.